
Mutirão para repovoamento do
palmiteiro juçara no quilombo Galvão.
Eldorado (SP) 2006.
Felipe Leal/ISA Ficha-Resumo
Instituto Socioambiental - ISA Avenida Higienópolis, 901. Higienópolis São Paulo/SP CEP: 01.238-001 TELEFONE:(11)3660-7949 FAX: (11) 3660-7941 isa@socioambiental.org http://www.socioambiental.org
Mais informações sobre o projeto
podem ser obtidas com a leitura
do poster "Semeando
Sustentabilidade - A Juçara
e as comunidades quilombolas
no Vale do Ribeira", que pode
ser baixado gratuitamente
neste endereço:
www.socioambiental.org/loja/detalhe_download.html?id_prd=10357
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A juçara (Euterpe edulis Martius) é uma palmeira nativa do Domínio da Mata Atlântica do Brasil. O potencial ecológico da espécie, com intensa interação com a fauna, indica que o palmiteiro é uma espécie estratégica para a manutenção da dinâmica dos ecossistemas, bem como para a retomada da dinâmica em áreas de formação secundária, geralmente degradadas pelo extrativismo. A abundância da espécie no Vale do Ribeira, a grande demanda pelo produto pelos centros urbanos próximos à região e a facilidade inicial de exploração e processamento, ofereceu suporte para a exploração ilegal e predatória do palmiteiro na região. A gravidade problema fez com que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo colocasse palmiteiro na lista oficial das espécies da flora do Estado de São Paulo ameaçadas de extinção. A falta de alternativas econômicas para as comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, que guardam privilegiada relação - tanto geográfica como cultural com a floresta, levam suas populações a se sujeitarem ainda mais à atividade clandestina do palmito. Além dos aspectos ambientais, a exploração clandestina do palmito é uma situação que gera vários conflitos, envolvendo a população quilombola, extratores, Unidades de Conservação e o aparato oficial de fiscalização, implicando em roubos, violência e corrupção, num contexto onde as populações quilombolas arcam com o ônus da marginalidade e de processos de ordem administrativa, criminal e penal. A questão do palmito se configura, dessa forma, como um dos principais problemas socioambientais nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira. Por outro lado, a coleta do fruto da juçara, e o manejo sustentável das populações de palmeira para extração do palmito, são atividades que apresentam potencial de geração de renda, não obstante, até agora, este potencial não tenha sido aproveitado, sobretudo devido a entraves legais (na vertente ambiental e sanitária) e à incipiente estruturação das respectivas cadeias produtivas.
O Projeto PDA 048-MA “Conservação, Recuperação e Uso Sustentável do Palmiteiro Juçara nas Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira” possibilitou avanços significativos em todas as áreas acima mencionadas, nas vertentes sociais, econômicas e ambientais. Os principais resultados do projeto foram: 33 famílias quilombolas de sete comunidades venderam, em três anos, 15 toneladas de sementes, por R$ 3,00 o quilo, para os repovoamentos. Realização de 43 repovoamentos, envolvendo em média de 10 pessoas por repovoamento e cobrindo uma área de aproximadamente 582 ha, em 12 comunidades (André Lopes, Bombas, Galvão, Ivaporunduva, Mandira, Morro Seco, Nhunguara, Pedro Cubas, Pedro Cubas de Cima, Porto Velho, Sapatu e São Pedro). Apoio na constituição e funcionamento da Rede Juçara, que envolve mais de 10 instituições, em quatro estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro) e cujo objetivo é somar esforços rumo ao manejo sustentável e ao uso múltiplo da palmeira juçara. Reforma de dois viveiros (Nhunguara de Cima e Ivaporunduva) e construção de mais quatro (Abobral, André Lopes, Cangume, Nhunguara de baixo), em cinco comunidades quilombolas, para produção de mudas de juçara, e de outras espécies nativas. Produção e distribuição de 15 mil mudas de juçara e de outras espécies nativas para os quintais das famílias quilombolas de 12 comunidades. Coleta de sementes e produção de 20 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica para plantio no Rio Pedro Cubas. Recomendações de Pagamento por Serviços Ambientais aos territórios quilombolas no Plano de Bacia, do Comitê de Bacia. Abertura do diálogo sobre o manejo de palmito e o corte clandestino, apresentando novas perspectivas para lidar com a questão. Difusão da idéia do uso múltiplo da juçara, especialmente, o aproveitamento do fruto para produção de polpa. Satisfação, por parte dos participantes, na medida em que está sendo devolvido para a mata o que durante muitos anos foi só tirado. Participação no Grupo de Trabalho da Fundação Florestal para elaboração da Resolução SMA-16 para manejo da polpa da juçara..
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