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Ararinha-azul: de volta para casa

Um breve relato sobre a história e o projeto de conservação das aves

Falta pouco para 50 ararinhas-azuis embarcarem da Alemanha para o Brasil. O Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a organização não governamental Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), da Alemanha trabalham há duas décadas para a conservação da espécie considerada extinta na natureza desde 2000, alvo de caçadores e traficantes de animais. A expectativa é que as aves sejam repatriadas no início de março. Quando chegarem em terras brasileiras, as ararinhas serão levadas para o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul. A unidade de conservação está em fase de conclusão e fica no município de Curaçá, na Bahia.

O esforço para recuperação da ararinha-azul começou ainda na década de 80, com a descoberta da última população selvagem, composta por apenas três aves, em 1986. Antes disso, poucos relatos davam conta da existência da espécie. Por isso, pouco se sabe sobre a vida da Arara Spix na natureza, com uma quantidade muito pequena de evidência documentada encontrada na literatura ornitológica. Em 1819, o naturalista alemão Johann Baptist von Spix citou as aves em suas anotações sobre a fauna e flora brasileira. O alemão também foi o primeiro a levar a espécie para fora do país, junto com outras 9.000 espécies de plantas e animais, em 1920. Em 1832, seu assistente Johann Georg Wagler descreveu a espécie em seus estudos.

Caça predatória e a extinção

A espécie é um pássaro exclusivo da Caatinga do Nordeste brasileiro, mais precisamente nas redondezas dos riachos Barra Grande e Melancia, no município de Curaçá, divisa entre Bahia e Pernambuco. O declínio populacional das ararinhas-azuis ocorreu devido a diversos fatores, como desmatamento e a desertificação da Caatinga. A principal causa de sua extinção, no entanto, foi a caça e a captura de indivíduos na natureza para o comércio ilegal.

A grande procura pela ave se devia pela somatória de beleza e raridade, elas acabaram tornando-se símbolo de status. Figuras conhecidas da história mundial, como o desbravador holandês Maurício de Nassau, exibiam a ave longe das caraibeiras, árvores que lhe servem de lar na caatinga. Na natureza, o animal de penas azuis, azuis-acizentadas e verdes tinha uma baixa natalidade e população reduzida. A postura de ovos de um casal ficava entre dois ou três e apenas um dos filhotes sobrevivia.

A espécie passou mais de um século sendo caçada e acabou dizimada pela mão humana. Hoje, apenas cerca de 160 aves existem em cativeiro, tornando a Arara Spix uma das aves mais raras do mundo.

Ararinha na Natureza

Umas das ações do Plano de Ação Nacional da Conservação da Ararinha-azul (PAN Ararinha-azul) foi a criação, em 2018, a Área e Proteção Ambiental (APA) da Ararinha-Azul, de 90 mil hectares, e o Refúgio de Vida Silvestre (Revis) da Ararinha-Azul, com cerca de 30 mil hectares, situados em Juazeiro e Curaçá. O centro de reprodução e reintrodução da ararinha-azul foi construído levando em consideração o curso dos riachos Melancia e Barra Grande. De acordo com analista ambiental do ICMBio, Ugo Vercilio, os locais têm como função receber os espécimes da ave e promover sua proteção.

Vercilio destaca que os recursos utilizados no Plano de Ação Nacional da Conservação da Ararinha-azul (PAN Ararinha-azul), estabelecido em 2012, vem dos parceiros: a ONG alemã ACTP, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), o Criadouro Fazenda Cachoeira, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de São Paulo (USP). O governo brasileiro oferece apenas apoio técnico ao projeto.

O governo brasileiro e seus parceiros internacionais trabalham para integrar a comunidade do pequeno município de Curaçá em todas as etapas do processo de reintrodução da espécie na natureza. Isso ajuda a evitar que novos episódios de caça aconteçam no futuro. O presidente do ICMBio Homero Cerqueira diz que o projeto não é do instituto, do MMA ou de qualquer pessoa sozinha. “Esse projeto é dos brasileiros e mostra que podemos sim cuidar do meio ambiente de forma ativa com a ajuda de todos”, afirma.

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