A ocupação do litoral por comunidades com o interesse de subsistência é evidenciada, desde 10 mil anos atrás, pelo tipo de formação calcária conhecido como sambaqui, termo tupi que significa “monte de concha”. A interpretação mais comum para o existência de sambaquis é que a sucessão de comunidades litorâneas com dieta marcada pelo sistemático consumo de peixes e frutos do mar, povos sambaquis, foi responsável pela acumulação de conchas, ossos de peixes e outros restos de alimentos próximos a vestígios arqueológicos de moradias e ossadas humanas. Os sambaquis atingem 10 a 20 m de altura e são encontrados, além da costa brasileira, em algumas zonas fluviais interiores.
A atividade econômica que justificou o povoamento da América portuguesa foi a [RPdL1] cultura da cana-de-açúcar e a implantação dos engenhos. As naus eram o meio de transporte que levaram essa mercadoria, pelo oceano Atlântico, em direção ao Velho Continente.
Outro fator importante que direcionou a ocupação do espaço foi a necessidade de defesa do imenso território. Portugal, na época, não contava com alto contingente populacional para defender todo o seu domínio contra invasores de outras nações, que não aceitavam a divisão do mundo feito entre portugueses e espanhóis. Assim a ocupação costeira era necessária para impedir o acesso de nações inimigas ao continente (Texto modificado do Atlas geográfico das zonas costeiras e oceânicas do Brasil, 2011).
Nos séculos mais recentes, entretanto, considerando o avanço tecnológico, aumento populacional e aos fenômenos climáticos e de globalização, outros interesses são colocados em pauta quando abordamos a costa brasileira. Podendo citar o interesse recreativo, o interesse energético, o interesse ambiental, o interesse científico, o interesse geohistórico, entre outros.
A importância estratégica da zona costeira brasileira pode ser evidenciada em vários aspectos, seja pelo mosaico de ecossistemas que abriga enorme biodiversidade, ou pelos interesses econômicos conflitantes associados a uma desordenada expansão urbana, ou pelos eventos geológicos que atuam constantemente na região, ou pela influência causada por um ação (construção de barragem, despejo de lixo em drenagem, etc) em território continental.
A zona costeira possui áreas particularmente sensíveis e frágeis do ponto de vista ecossistêmico, com uma série de ambientes restritos a esse sistema de interação água, terra e ar. Por exemplo, as feições de estuários, restingas, costões rochosos, manguezais, marismas, entre outros.
Saiba mais sobre os ecossistemas marinhos e costeiros através do Manual da Rede Biomar.
Em geral toda a faixa marítima e terrestre da ZC está sujeita a vetores de desenvolvimento em franco processo de expansão, dentre os quais destacam-se o turismo, a aquicultura e pesca, a explotação petrolífera e a exploração mineral offshore, as grandes estruturas industriais, portuárias e a implantação de parques eólicos. Tais atividades têm contribuído, ainda, para e impactos como a ocupação de áreas públicas e de preservação permanente, incorporação acelerar a expansão urbana e a ocupação dos espaços costeiros e continentais, ocasionando problemas imobiliária, o aumento de resíduos, alteração na paisagem costeira, entre outros fatores.
Não só na interface costeira estão situadas as fontes dos problemas incidentes na região, há conexões diretas e indiretas estabelecidas tanto com o ambiente marinho quanto com a porção continental do território.
Exemplos são as indústrias de alimentos, têxtil, siderúrgica, entre outras, que têm, em sua maioria, atividades de extração de recursos e de produção localizadas em regiões continentais interiores, mas dependem diretamente das estruturas viárias e portuárias para o escoamento dos produtos e aquisição de insumos. Elas utilizam os corpos d'água como receptores de seus efluentes que, dependendo da bacia de drenagem em que estão instaladas, podem prejudicar, limitar ou até inviabilizar outros usos à jusante, como captação de água para abastecimento público, agricultura, pesca e atividades de lazer. Outro uso comum é a utilização de um curso de água fluvial, o qual desaguava no mar, para o processo industrial o que ocasiona a diminuição do volume transportado pelo rio e com isso altera o processo de sedimentação ao longo do rio e por vezes o processo de sedimentação na foz do rio.
O destino final da maior parte das substâncias descartadas em cursos d'água ao longo das bacias hidrográficas é o ambiente marinho. Adiciona-se a isto o aporte de resíduos sólidos, em especial materiais plásticos, que se decompõe lentamente no ambiente natural e/ou não são diluídos. Estes materiais possuem formas e tamanhos diversos e podem facilmente ser confundidos com alimento por diversos animais e podem, por tanto, prejudicar atividades como a pesca, a navegação e o turismo.
Este complexo cenário demonstra a necessidade de gestão, planejamento e ordenamento destas diferentes atividades e usos identificados na Zona Costeira.
Leitura recomendada:
Macrozoneamento Costeiro - Aspectos Metodológicos.
Macrozoneamento Costeiro - Aspectos Metodológicos.
Maria GRAVINA Ogata
Brasilia - DF
1996
No período de 17 a 28 de outubro de 1994, em São Luís do Maranhão, as equipes de onze estados das Regiões Norte e Nordeste, envolvidas nos estudos do Gerenciamento Costeiro (GERCO) de seus respectivos estados, os passos metodológicos necessários ao desenvolvimento do Macrozoneamento Costeiro.
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