No mundo inteiro as pessoas se beneficiam e dependem da natureza de inúmeras formas. O acesso à água doce, a alimentos, a solos férteis, aos serviços de polinização ou ainda o bem-estar proporcionado pelo contato de lazer e espiritual com áreas naturais são apenas alguns exemplos de uma infinidade de benefícios, chamados de serviços ecossistêmicos.
O desenvolvimento e o bem-estar das sociedades humanas estão invariavelmente ligados aos ecossistemas. O reconhecimento dessa correlação constitui um fator importante para o planejamento de um desenvolvimento que incorpore os três pilares da sustentabilidade: crescimento econômico, equidade social e conservação ambiental.
A gestão dos ecossistemas visando sustentar o fluxo de serviços prestados à sociedade é recomendado por diversos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. Essa integração dos ecossistemas no planejamento de ações dos setores público e empresarial atende as metas da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Além disso, contribui para a mitigação e adaptação à mudança do clima, por meio de soluções baseadas na natureza.
A integração sistêmica da biodiversidade é importante em todas as etapas dos ciclos de políticas, planos, programas, independentemente do processo ser conduzido por governos, empresas ou outras organizações. O reconhecimento das relações de dependência e de impacto de setores econômicos, como a agricultura, a pesca, o turismo, a mineração, a energia e os transportes, com os ecossistemas contribui para a adoção de estratégias de redução dos impactos negativos que os setores produtivos podem exercer, e para a própria manutenção desses setores.
A vegetação nativa, por exemplo, assume um papel essencial na manutenção da oferta de água, na fertilidade do solo e na polinização, serviços que são essenciais para população em áreas rurais e à produtividade do setor agrícola. Outro exemplo é a interligação entre a biodiversidade e o setor do turismo, pois um ambiente natural saudável e funcionando adequadamente mantém seu potencial de atração turística.
O valor do chamado “capital natural” tem sido frequentemente negligenciado nos processos de tomada de decisão política e econômica. É necessário mudar a visão de que os serviços ecossistêmicos são um “luxo” que os planejadores do desenvolvimento não podem se dar, para a visão de serem uma necessidade na qual precisam investir, pois caso não o façam, os prejuízos e investimentos futuros tendem a ser muito maiores. Reconhecer a correlação entre os objetivos de desenvolvimento, o bem-estar humano e os serviços ecossistêmicos pode significar a diferença entre uma estratégia de desenvolvimento bem ou malsucedida.
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