Os moradores da Vila Céu do Mapiá vivem no coração da Floresta Nacional do Purus (AM) em meio a uma área de floresta preservada, onde o acesso leva pelo menos 6 horas de barco pelo rio Purus e igarapé Mapiá e o mesmo tempo para atravessar 200 km de estrada para quem sai de Rio Branco em direção à cidade de Boca do Acre.
A comunidade busca uma forma de aumentar a renda e viu no manejo florestal a chance de obter recursos com a venda de madeira legalizada e conservar a cobertura de floresta. O Serviço Florestal deve ajudá-los a alcançar esses objetivos com um curso sobre plano de negócios que será realizado dos dias 5 a 6 de março.
"Vamos discutir levantamento de custos, receita, divisão de tarefas e tentar fazer um planejamento financeiro", afirma o técnico da Gerência de Florestas Comunitárias Hélio Pontes, que ministrara o curso.
Durante a capacitação, os participantes vão analisar qual o mercado em potencial e o que fazer para acessá-lo. Segundo o técnico Daniel Mendes, que integra a equipe do Serviço Florestal, o curso vai permitir que os moradores introduzam essa atividade econômica na comunidade com organização e planejamento. "Para iniciar o negócio, é preciso pensar em todos os aspectos, humanos, financeiros e operacionais", diz.
É a primeira vez que a comunidade, que realiza agricultura de subsistência e cria pequenos animais, fará manejo florestal. Hoje, parte da renda dos 600 moradores da Vila vem do extrativismo.
MANEJO - Os comunitários têm 1,4 mil hectares para a realização do manejo florestal e vão usar, por ano, uma área de produção em torno de 100 hectares. O Plano de Manejo, que detalha o uso da área, deve ser proposto em breve para o órgão ambiental responsável.
A expectativa é começar a extração de madeira ainda este ano e, para isso, já está em curso a elaboração do Plano Operativo Anual, etapa seguinte à aprovação do Plano de Manejo. O documento será produzido com recursos do Serviço Florestal, que contratou uma empresa com essa finalidade.
Embora a ideia seja de começar o manejo em uma área pequena, os comunitários têm a possibilidade de realizar a atividade em uma área maior tão logo amadureçam a capacidade de gerir o empreendimento. A zona de uso comunitário da Flona é de 66 mil hectares, e cerca de 20 mil hectares poderiam ser usados para manejo florestal.
O apoio aos comunitários da Vila Céu do Mapiá tem sido feito em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela gestão da unidade de conservação, criada em 1988.
"Um dos nossos objetivos é beneficiar as comunidades residentes, trabalhar pela melhoria da qualidade de vida deles", diz o chefe da Flona, Flávio Paim.
Ele faz coro aos ganhos que devem resultar da atividade. "Um dos grandes benefícios é a geração de renda para a população. Além disso, o manejo vai garantir sustentabilidade desses estoques [florestais]", diz.
O conhecimento empregado na capacitação deve ser usado pelo Serviço Florestal para apoiar o manejo em outras regiões da Amazônia. A atividade na Flona está entre as ações do Plano Anual de Manejo Florestal e Comunitário 2010, coordenado pelos ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário.
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