Brasília – Equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculados ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), fazem desde sexta-feira (25) o monitoramento e avaliação dos danos ambientais na região atingida pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), de propriedade da empresa Vale S.A.
Nesta terça-feira (29), mais 13 analistas – dez do Ibama e três do ICMBio – se juntam aos cerca de 20 servidores que já se encontram no local para ampliar as vistorias que vêm sendo feitas nos pontos de interesse ambiental – matas nativas e ciliares, cursos d´água e áreas de ocorrência de fauna nativa silvestre. O objetivo é resgatar animais e reduzir os impactos dos rejeitos na vegetação. Outros dez biólogos e veterinários se juntaram à equipe para ampliar as buscas por animais. Até o momento, 32 animais domésticos foram resgatados.
Analistas ambientais realizam diariamente sobrevoos ao longo da calha do rio Paraopeba para monitorar o deslocamento da onda de rejeitos, que percorreu até a tarde desta terça-feira 60 km a partir da barragem I da mina Córrego do Feijão. De acordo com o último boletim divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a pluma (mistura de rejeito e água) deverá chegar ao município de São José da Varginha na noite desta terça-feira (29) e, entre os dias 5 e 10 de fevereiro, no reservatório da Hidrelétrica de Retiro de Baixo.
“A expectativa é que todo o rejeito fique retido no reservatório desta usina (Retiro de Baixo), não alcançando o reservatório da Hidrelétrica de Três Marias”, informou o CRPM, que divulga boletins diários em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA).
Nesta terça, está prevista a chegada à região de especialistas do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Antífibios (RAN) e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do Cerrado (CBC), do ICMBio, para ajudar nos trabalhos, segundo informou o diretor-substituto de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (Diman) do Instituto, Ricardo Brochado.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
O ICMBio mantém em Três Marias uma unidade de conservação de proteção integral, a Estação Ecológica (Esec) de Pirapitinga. A unidade fica numa ilha no interior da represa. Além de servir a pesquisas sobre a ictiofauna, a unidade é responsável por projeto de recuperação da vegetação do Cerrado.
O Instituto também monitora outras duas unidades de conservação que ficam próximas ao local do desastre, em Brumadinho. A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Inhotim e a Floresta Nacional (Flona) de Paraopeba. A RPPN fica bem ao lado da barragem, mas não foi atingida. A Flona também apresenta pouco risco porque entre ela e o curso do rio há um cinturão de proteção formado pelo núcleo urbano do município de Paraopeba, informou Ricardo Brochado.
Analistas do Ibama e do ICMBio farão, ainda, nesta terça-feira, junto com funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), vistoria numa Terra Indígena (TI) da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe, situada no município de São Joaquim de Bicas, vizinho ao local da tragédia. Mais de 80 indígenas vivem às margens do rio Paraopeba,segundo a Funai.
"Identificamos uma concentração de peixes mortos junto à aldeia e determinamos à Vale que faça o recolhimento desses peixes, que estão causando impactos à vida das populações indígenas, assim como as análises necessárias", disse a coordenadora-geral de Emergências Ambientais do Ibama, Fernanda Pirillo.
PROVIDÊNCIAS
Logo após o rompimento da barragem, na sexta-feira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, sobrevoaram a área atingida. O presidente da República, Jair Bolsonaro, sobrevoou o local no sábado passado (26) e anunciou a criação de um Conselho Ministerial de Supervisão de Respostas a Desastre para acompanhar e fiscalizar as atividades de socorro e recuperação do município de Brumadinho.
Desde então, representantes do Ibama e do ICMBio estão integrando o Posto de Comando (PC) montado em Brumadinho, sob a coordenação da Defesa Civil do estado de Minas Gerais, responsável por todas as ações locais, com o apoio do Gabinete de Crise instaurado no Palácio do Planalto, em Brasília.
Desde então, representantes do Ibama e do ICMBio estão integrando o Posto de Comando (PC) montado em Brumadinho, sob a coordenação da Defesa Civil do estado de Minas Gerais, responsável por todas as ações locais, com o apoio do Gabinete de Crise instaurado no Palácio do Planalto, em Brasília.
O MMA disponibilizou helicópteros, viaturas (pick up 4x4) e corpo técnico especializado para reforçar o grupo de especialistas em ações de resposta a acidentes e na avaliação dos danos ambientais.
No sábado, o Ibama lavrou cinco autos de infração contra a empresa Vale S.A. – Mina Córrego do Feijão, totalizando R$ 250 milhões. Os valores correspondem ao teto da multa estipulada pela Lei de Crimes Ambientais.
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