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Glossário

Agrobiodiversidade: é definida na CDB como um termo amplo que inclui todos os componentes da biodiversidade que têm relevância para a agricultura e alimentação, bem como todos os componentes da biodiversidade que constituem os agroecossistemas: as variedades e a variabilidade de animais, plantas e de microrganismos, nos níveis genético, de espécies e de ecossistemas os quais são necessários para sustentar as funções chaves dos agroecossistemas, suas estruturas e processos. Num conceito mais sintético, a agrobiodiversidade pode ser compreendida como a parcela da biodiversidade utilizada pelo homem na agricultura, ou em práticas correlatas, na natureza, de forma domesticada ou semi-domesticada. A agrobiodiversidade é o conjunto de espécies da biodiversidade utilizada pelas comunidades locais, povos indígenas e agricultores familiares. Estas diferentes comunidades conservam, manejam e utilizam os diferentes componentes da agrobiodiversidade. Agrobiodiversidade (agrobiodiversity) tem como sinônimo biodiversidade agrícola (agricultural biodiversity).

Anfíbio
: grupo de animais de pele fina e úmida, que vivem uma parte da vida n’água e outra sobre a terra. exemplo: sapos, rãs e salamandras.

Antrópico: resultante da ação do homem.

Área degradada: onde o meio ambiente perdeu a capacidade natural de criar benefícios para o homem, para a vegetação e para os animais; degradação pode ser causada pela natureza ou pelo homem.

Bacia hidrográfica: conjunto de terras onde ocorre a captação de água para um rio principal e seus afluentes; numa bacia hidrográfica, a água brota de nascentes e escoa para pontos mais baixos, formando córregos, riachos e ribeirões que criam o rio principal.

Biodiversidade: a diversidade de formas de vida da Terra; todos os seres vivos que fazem parte de um ecossistema – de plantas e animais a micro-organismos. Segundo a definição da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), biodiversidade significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. O termo tem como sinônimo diversidade biológica. A biodiversidade contempla tanto a diversidade encontrada nos ecossistemas naturais como naqueles com interferência humana, ou antrópicos. Às vezes o termo é usado para representar a riqueza de espécies.

Biota: o conjunto da flora e da fauna de uma região.

Conservação ambiental: uso ecológico dos recursos naturais; exploração das riquezas produzidas pela natureza sem prejudicar o meio ambiente – ao contrário de “preservação ambiental”, que não permite o uso dos recursos naturais.

Conservação on farm: a conservação de recursos biológicos e genéticos nas propriedades rurais (conservação on farm) é uma importante estratégia de conservação, que envolve a seleção e o uso sustentável desses recursos, e é praticada pelos agricultores há milênios. Esse tipo de conservação se fundamenta num contínuo processo de evolução e adaptação, onde novos variantes surgem e são sujeitos à seleção natural e artificial (antrópica). A conservação on farm é uma estratégia complementar à conservação ex situ (conservação dos recursos genéticos fora do seu ambiente de ocorrência natural, que pode ser feita na forma de coleções, arboretos, bancos de germoplasma ou de sementes, por exemplo) e à conservação in situ (conservação dos recursos no próprio local de ocorrência natural dos recursos, realizada por meio de reservas genéticas, reservas extrativistas ou de áreas protegidas, por exemplo). Compreende práticas milenares usadas pelo homem na agricultura, envolvendo a transferência de conhecimento e de materiais genéticos selecionados e adaptados, bem como o seu intercâmbio, sendo ainda hoje a principal forma de conservação genética da agrobiodiversidade. Não se aplica aos recursos da biodiversidade que não são manejados ou cultivados pelo homem. A conservação on farm apresenta como particularidade o fato de envolver recursos genéticos cultivados pelas comunidades locais e populações indígenas, detentoras de grande diversidade de recursos fitogenéticos e de um amplo conhecimento sobre eles. Esta diversidade de recursos é essencial para a segurança alimentar das comunidades. Dentre os principais recursos fitogenéticos conservados no campo pelos agricultores familiares brasileiros estão a mandioca, o milho e o feijão. Contudo, muitos recursos genéticos de menor importância para a sociedade "moderna" são conservados tradicionalmente, podendo-se citar como exemplos uma série de espécies de raízes e tubérculos, de plantas medicinais e aromáticas, além de raças locais de animais domesticados (suínos, caprinos e aves entre outros). A conservação on farm envolve, portanto, recursos genéticos nativos e exóticos adaptados às condições locais, nas quais adquirem características específicas. Outra particularidade é que o material genético está em contínuo processo de seleção e de melhoramento pelas comunidades locais e populações indígenas.

Desenvolvimento sustentável: modelo de desenvolvimento em que o importante é gerar riqueza, distribui-la de forma justa e proteger o meio ambiente, para que as gerações futuras possam usar os recursos naturais da mesma forma que elas são usadas hoje.

Diversidade genética, seleção e adaptação: Os recursos da agrobiodiversidade apresentam alta diversidade genética, rusticidade e potencial para adaptações - o que pode ser evidenciado pela diversidade de variedades, linhagens ou raças de uma mesma espécie e pela heterogeneidade dos tipos fenotípicos. O material genético é em geral fortemente adaptado às condições ambientais e ao sistema de cultivo onde foi desenvolvido, sendo fruto de um processo conjunto e contínuo de seleção natural e artificial, esta realizada pelos agricultores e/ou comunidades. Devido a elevada diversidade genética e ao grande potencial de adaptação o material genético contido na agrobiodiversidade apresenta valor estratégico para suportar alterações ambientais e fornecer variedades com características desejáveis num processo de seleção artificial. Representa um estoque praticamente inesgotável de fonte de recursos a serem selecionados pelo homem. Para as comunidades locais e agricultores familiares, os componentes da agrobiodiversidade apresentam relevância para sua sobrevivência e identidade cultural. A diversidade de sistemas de cultivo, de espécies e de variedades confere à agrobiodiversidade a propriedade de minimizar os riscos na produção, fornece diversidade de gêneros alimentícios e de outros produtos, dietas equilibradas, e gera segurança alimentar. As influências culturais podem ser notadas de forma direta ou indireta sobre o uso destes componentes na culinária, na religiosidade, nas festividades e nas relações entre grupos e comunidades. A diversidade genética diminui o risco do material manejado ser gravemente afetado por alguma adversidade biótica (epidemia de praga ou doença, por exemplo) e abiótica (seca, excesso de chuvas, ondas de calor, ou geada, por exemplo) e também favorece a seleção de novas características desejáveis. Justamente o contrário ocorre com materiais genéticos altamente selecionados, com base genética estreita e expressões fenotípicas homogêneas, tais como variedades híbridas, clones e organismos geneticamente modificados - OGM.

Ecossistema: sistema formado pelos seres vivos e o lugar onde eles vivem, em perfeito equilíbrio. exemplo: as plantas retiram nutrientes do solo e energia da luz do sol; há animais que se alimentam das plantas; esses animais servem de alimento para outros animais; quando morrem, os seres vivos se decompõem e fornecem nutrientes ao solo, que vão novamente ser aproveitados pelas plantas – num ciclo de vida em que cada ser tem importância fundamental.

Educação ambiental: conjunto de ações educativas com o objetivo de despertar a consciência individual e coletiva para a importância do meio ambiente; quando estão conscientes, as pessoas mudam seus hábitos e praticam ações que ajudam na preservação da natureza.

Endêmico: natural de uma região específica.

Espécie em extinção: espécie que corre o risco de desaparecer completamente da face da Terra, para sempre.

Espécie exótica: que se encontra fora de sua área de distribuição natural.

Espécie exótica invasora: que ameaça ecossistemas, habitats ou espécies; por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de predadores e pela degradação dos ambiente naturais, dominam os nichos ocupados pelas espécies nativas, notadamente em ambientes frágeis e degradados.

Extrativismo: as atividades de retirada de produtos naturais – de de origem vegetal, animal ou mineral – para fins comerciais, industriais ou para a subsistência.

Extrativismo mineral: atividade de retirada de recursos minerais da terra para fins industriais ou para consumo imediato. exemplos: o extrativismo mineral que usa pouca tecnologia, como o garimpo de ouro em rios; e o extrativismo mineral que utiliza equipamentos sofisticados e técnicas avançadas, como a exploração e extração de petróleo.

Extrativismo vegetal: atividade de retirada de recursos vegetais nativos; os produtos encontrados em uma região são coletados.

Fauna: conjunto de espécies de animais que habitam determinada região.

Flora: conjunto de espécies de plantas que formam a vegetação de uma determinada região.

Floresta aluvial ou floresta de várzea: a parte da floresta que sofre os efeitos de inundações.

Floresta de terra firme: floresta que ocupa terras não inundáveis.

Habitat: ambiente favorável para o desenvolvimento, a sobrevivência e a reprodução de certas espécies de animais e/ou vegetais. exemplo: o ecossistema, ou parte dele, em que vive um determinado ser vivo é seu habitat.

Hotspots de biodiversidade: regiões de grande riqueza biológica que estão extremamente ameaçadas.

Irreversível: algo que não pode mais voltar à situação anterior.

Mamíferos: classe de animais vertebrados, caracterizados pela presença de mamas; ocupam a posição mais elevada e dividem-se em várias ordens: primatas, insetívoros, quirópteros, carnívoros, ungulados, cetáceos, roedores, desdentados, marsupiais e monotremos.

Manejo: os recursos da agrobiodiversidade são cultivados ou manejados pelas comunidades locais, agricultores familiares e povos indígenas em diferentes sistemas de produção, podendo-se destacar:

- Sistemas de manejo de recursos nativos, extrativismo, agro-extrativismo (coleta de plantas medicinais,, de frutos e de castanhas; extração de óleos, resinas e fibras,...);
- Sistemas de produção agrícolas familiares e comunitários (cultivo de variedades locais, ou crioulas, raízes e tubérculos em roças e pequenas plantações);
- Sistemas Agroflorestais - SAFs (cultivo de espécies florestais e agrícolas consorciadas, com ou sem criação animal);
- Hortas (cultivo de plantas folhosas, medicinais, aromáticas e condimentares em pequenos espaços);
- Criação de pequenos animais (criação de galinhas, patos e outros pequenos animais em sistemas confinados ou semi-confinados);
- Criação de animais silvestres em regime semi-extensivo (criação de animais silvestres em piquetes, áreas cercadas ou lagoas);
- Criação de animais domesticados em regime semi-extensivo (criação de raças crioulas de animais domesticados, tais como suínos, caprinos, ou ovin

O manejo e o cultivo podem se enquadrar em diferentes sistemas (biodinâmico, orgânico, ou permacultura, por exemplo), mas geralmente seguem aos conceitos e atendem aos princípios agroecológicos. Suas práticas privilegiam o uso de recursos locais, o reaproveitamento de resíduos, a reciclagem de nutrientes e a conservação do solo. A interação entre diferentes componentes e a diversidade de formas de vida e de espécies num mesmo sistema de cultivo é comumente utilizada como prática de manejo de pragas e doenças agrícolas. Apresentam também elevada eficiência do aproveitamento da energia em comparação aos sistemas agrícolas intensivos em uso de fertilizantes, agrotóxicos, máquinas e crédito.

Mata ciliar: como os cílios protegem os olhos, vegetação que ocorre nas margens de rios e igarapés, protegendo-os do assoreamento.

Meio ambiente: tudo o que cerca o ser vivo, que o influencia e que é indispensável à sua sobrevivência; solo, clima, água, ar, nutrientes e os outros organismos; o meio sócio-cultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.

Microclima: clima local, essencialmente uniforme, de área pequena.

Micro-organismos: os microrganismos são os menores seres vivos da natureza e só podem ser vistos com o auxílio de microscópio; dividem-se em três grandes grupos: as bactérias, os vírus e os fungos.

Migração: deslocamento de indivíduos e/ou espécies, ou grupo de indivíduos e/ou espécies de uma região para outra dentro de um mesmo país; pode ser regular ou periódica e coincidir com as estações.

Monitoramento ambiental: medição repetitiva ou observação da qualidade ambiental de acordo com um planejamento.

Níveis de diversidade: A agrobiodiversidade pode ser compreendida como resultado da interação entre três níveis de diversidade: sistemas de cultivo e manejo (ou agroecossistemas); diversidade de espécies; e diversidade de variedades de plantas e de raças de animais. As práticas de manejo e os sistemas de cultivo dos agroecossistemas são determinados por fatores culturais e pelo conhecimento tradicional acumulado e transmitido por gerações. Por isso, pode-se afirmar que a diversidade genética contida na agrobiodiversidade apresenta forte ligação com a diversidade cultural dos povos e comunidades que a mantém.

Peixe ornamental: aquele utilizado em aquários, para decoração.

Populações tradicionais ribeirinhas: aquelas que se localizam às margens dos rios, ribeirões, igarapés e riachos, em habitações isoladas umas das outras; capazes de utilizar e conservar os recursos naturais de que dependem.

Preservação ambiental: ações que garantem a manutenção de um ambiente como ele é, não sendo permitido o uso dos recursos naturais; diferente de “conservação ambiental”, que permite o uso dos recursos naturais.

Quilombolas: descendentes dos escravos negros que sobrevivem em comunidades, muitas vezes fazendas deixadas pelos antigos grandes proprietários; mocambos, terra de preto, comunidades remanescentes de quilombos, comunidades negras rurais e comunidades de terreiro são outros nomes para os quilombos.

Réptil: grupo de animais de pele seca, com escamas ou escudos. exemplo: crocodilos, lagartos e tartarugas.

Recursos genéticos animais domesticados: animais de criação selecionados (gado bovino, caprino e ovino); pequenos animais de criação (galinhas, patos); animais domésticos ou de companhia (cães, gatos)

Recursos genéticos animais semi-domesticados: animais silvestres criados em regime semi-extensivo ou semi-aberto (catetos, queixadas, capivaras); em cativeiro (jacarés); ou em tanques (espécies nativas de peixes, tartarugas).

Recursos genéticos manejados no ambiente de ocorrência natural: frutos nativos, plantas medicinais silvestres (espinheira-santa, arnica, carqueja, unha-de-gato), ervas e chás (erva-mate, carqueja, macela, ...), castanhas (castanha-do-brasil, barú, ...), condimentos (baunilha, pequi, ...), extração de resinas e óleos (copaíba, andiroba, seringueira,...), fibras (taboa, piaçaba, cipós,...), extração de taninos.

Recursos genéticos vegetais domesticados: sementes de cultivares agrícolas (milho, feijão, arroz, algodão,...); raízes, tubérculos e rizomas (batata, batata-doce, cará, mandioca,...); frutíferas selecionadas (cítricos, manga, abacate, mamão, banana,...); plantas medicinais e aromáticas cultivadas sob linhagens (hortelã, menta,...); condimentos cultivados (pimentas, canela, cravo...).

Reserva extrativista: área utilizada por populações tradicionais que sobrevivem do extrativismo, da agricultura de subsistência e da criação de animais de pequeno porte; tem como objetivos básicos proteger os meios da vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da área, sem áreas particulares.

Sustentabilidade: condição relacionada com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana; um meio de configurar a civilização e atividade humanas de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente e ao mesmo tempo manter indefinidamente a biodiversidade e os ecossistemas naturais; abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta inteiro. exemplo: para um empreendimento humano ser sustentável, tem de ter em vista quatro requisitos básicos – ele  tem de ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito.

Terra indígena: área pertencente à União, habitada por sociedades indígenas, e de usufruto exclusivo destas.

Unidade de conservação: nome dado pela legislação brasileira às áreas protegidas que fazem parte do sistema brasileiro de proteção ao meio ambiente; espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais importantes com objetivos de conservação e limites definidos, são controladas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), compondo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), instituído pela Lei No. 9.985 de 2000.

Urbanização: processo em que uma localidade ou região deixa de ter características rurais e passa a ter características urbanas.

Variedades Crioulas: são recursos genéticos vegetais utilizados para alimentação e agricultura, mantidas por um contínuo processo de conservação realizado por agricultores (conservação genética on farm). Apresentam alta diversidade genética (genotípica e fenotípica) e interface entre os tipos silvestres e domesticados. Por variedade crioula entende-se aquela variedade local, ou regional, de domínio de povos indígenas, comunidades locais ou quilombolas ou agricultores familiares, composta de genótipos com ampla diversidade genética, adaptados a habitats específicos, como resultado de seleção natural combinada com a pressão da seleção humana no ambiente local. As variedades crioulas, também chamadas de variedades locais (landraces), ou popularmente conhecidas por sementes crioulas, constituem um dos componentes da agrobiodiversidade.

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