O Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-azul (PAN Ararinha-azul) já está em seu segundo ciclo, quando 50 aves criadas na Alemanha chegam ao Centro de Reprodução e Soltura da Ararinha montado em Curaçá para aclimatação dos animais antes da reintrodução na vida selvagem. Antes disso, porém, foi necessário criar uma proteção extra ao habitat natural da ararinha: a Área de Proteção Ambiental (APA) da Ararinha-Azul. A unidade foi criada pelo decreto presidencial número 9.402 de 05 de junho de 2018.
A APA é uma unidade de conservação (UC), ou seja, a delimitação de uma área natural que precisa de proteção por conta de alguma característica especial. Depois que os limites são definidos, a área fica sob regime especial de administração do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção por lei.
O objetivo das APAs é salvaguardar a representatividade de porções significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. No caso específico de Curaçá, é a Caatinga nordestina, único habitat onde a ararinha-azul era encontrada antes de ser extinta da vida selvagem.
Refúgio – É possível fazer outras demarcações dentro das unidades de conservação, o chamado zoneamento. Algumas áreas da UC garantem à população o uso sustentável dos recursos naturais, enquanto outras precisam permanecer intocadas. É o caso do lar da ararinha-azul. Dentro da APA, foi criado um Refúgio de Vida Silvestre (Revis), especificamente para garantir as condições de existência e reprodução da espécie, como explica Ugo Vercillo, analista ambiental da Coordenação de Ações Integradas para Conservação de Espécies do ICMBio.
“Você tem a área de uso sustentável, a APA, e dentro dela a de uso integral, o Revis, que é uma área criada para a proteção de um recurso natural específico. Neste caso, a ararinha-azul”, explica o biólogo. “Isso quer dizer que as atividades que ocorrem na região não podem ser incompatíveis com a sobrevivência da espécie. Todo mundo que tem fazenda dentro do Revis deve ter uma prática que compactue com isso, como por exemplo proteger as caraibeiras, que são as árvores onde a ararinha-azul faz seu ninho, e preservar a mata de galeria.”
A APA é uma região mais ampla de Juazeiro e Curaçá que corresponde a aproximadamente 90 mil hectares. Já o Refúgio tem cerca de 30 mil hectares. “A área de proteção ambiental, que é a maior, funciona como uma zona de amortecimento, uma vez que podemos mitigar ou limitar as ações e usos naquele espaço. As pessoas que adentram esse espaço ou que já moram dentro dele precisam seguir as regras de uma unidade de conservação”, explica Ugo. “Além disso, há toda a questão da restauração do ambiente dentro da APA, como a recuperação das nascentes, por exemplo. Parte da Caatinga ali já foi restaurada e com a criação de áreas protegidas, esse processo deve ser ainda maior nos próximos anos.”
O acesso ao Refúgio é limitado, mas a ideia é que os habitantes e visitantes de Curaçá possam ver a ararinha-azul voando livremente pela região, como acontecia antes de a espécie ser extinta de seu habitat. “Não temos como prever se a ararinha vai ficar somente ali, naquela região, ou se vai se espalhar para outras áreas. Mas acreditamos que em breve ela voará livre por toda a Caatinga nordestina e todo mundo vai poder ver isso”, ressalta Vercillo.
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