Falta pouco para a chegada das 50 ararinhas-azuis ao município baiano de Curaçá, onde as aves extintas na natureza por volta do ano 2000 vão ser reintroduzidas no habitat natural. O projeto, que é um acordo de Cooperação Técnica entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e a ONG alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP), conseguiu engajar moradores e autoridades da cidade e já gera ansiedade.
O Projeto Ararinha na Natureza tem por objetivo reproduzi-las aos poucos na Caatinga do Nordeste. Primeiro as aves passarão por um período de aclimatação em instalações que foram construídas no local. No Refúgio de Vida Silvestre as ararinhas vão poder se reproduzir e serem preparadas para voltar ao lar, provavelmente já a partir de 2021.
O prefeito de Curaçá, Pedro Oliveira, garante que a população está contente com a chegada das aves e preparada para a missão de preservar a espécie. “Todos em Curaçá estão muito felizes com isso. As ararinhas estão voltando pra casa. A expectativa é muito grande”, aponta Oliveira. “Não tenho dúvidas de que a vinda das Ararinhas fará Curaçá crescer. O ecoturismo vai crescer ainda mais no município. Já temos grandes atrativos como o Rio São Francisco, a Ilha da Coroa e a Gruta de Patamuté, que é belíssima. Mas com a vinda das ararinhas teremos um pacote turístico ainda melhor.”
Educação ambiental – Segundo o prefeito, o principal projeto de conscientização da população quanto à importância da preservação da ararinha-azul será desempenhado na escola.
“O projeto pedagógico de 2020 já terá o tema da Ararinha-Azul inserido, a importância desse retorno. Quando as crianças aprenderem a importância da preservação dentro da escola, elas poderão levar isso para suas casas, até à comunidade”, destaca o prefeito.
Para o secretário de educação de Curaçá, Daniel Torres, a ararinha-azul é uma referência de Curaçá, e a importância disso deve ser ensinada desde cedo aos moradores. “A educação é o canal de entrada para conscientizar nossos meninos da importância da preservação, da manutenção da construção dessa nova vida”, alerta Torres. “A responsabilidade, acima de tudo, é nossa. Como educadores, responsáveis pelas gerações futuras, percebemos que deveríamos introduzir no nosso processo educacional a preservação e manutenção da ararinha-azul no nosso município.”
Saudosismo e esperança –Josefa Santos Leitão, XX anos, conviveu com a ararinha-azul por anos e fala com saudade da ave que só vivia naquela região. A moradora de Curaçá sabe que o grande culpado da extinção foi o homem e espera que o atual projeto possa reintroduzir o animal em seu habitat.
“Não víamos uma só não, eram várias as ararinhas que voavam e cantavam por aqui. Elas faziam ninho nas caraibeiras, no oco das árvores”, relata Josefa. “Depois ficamos sabendo que alguém estava tirando os filhotes, as aves foram ficando poucas. No fim a gente só via duas por aqui. Não demorou para ficar uma só e depois disso, sumiu.”
Dona Josefa já imagina rever no céu de Curaçá uma imagem que era costumeira: a passagem das ararinhas-azuis entre o ponto usado como dormitório e os locais de alimentação. “Ah, dá muita saudade de ver a ‘nuvem’ delas passando pelo céu. Elas vinham para comer e depois voltavam para onde elas dormiam”, lembra.
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