A reintrodução da Ararinha-Azul na natureza é uma ferramenta importante para a conservação da espécie. Desde o início do Plano de Ação Nacional da Conservação a tecnologia tem sido uma grande aliada. A reprodução em cativeiro só foi possível graças aos estudos e empreendimentos tecnológicos utilizados pela organização não governamental Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), da Alemanha. Porém, mais do que repatriar 50 aves vindas de Berlim, o plano prevê o constante monitoramento de cada uma delas a fim de evitar novos crimes ambientais que quase extinguiram a Cyanopsitta Spixii.
Quando chegarem ao Brasil as aves ficarão no Refúgio de Vida Silvestre (RVS) da Ararinha-Azul, unidade de conservação criada em 2018, em Curaçá, na Bahia, até que parte delas seja solta na natureza. Como se conhece pouco sobre a vida da espécie e mais estudos são necessários para garantir a prosperidade da mesma, as aves serão monitoradas remotamente. A secretaria de Ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) trabalha em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e a Telebras para garantir serviço de internet via satélite em toda a Área de Preservação Ambiental (APA) que abriga o RVS.
O diretor de Fomento e Projetos, da secretaria de Ecoturismo do MMA, Gentil Venâncio, destaca o PAN de Conservação da Ararinha-Azul contará com um serviço de conexão que possibilitará o monitoramento da execução do projeto de qualquer local do planeta. “No primeiro momento, a internet possibilitará que o centro de recuperação da espécie esteja conectado aos demais parceiros do projeto 24 horas por dia”, comenta. Na fase onde a ararinhas serão soltas na natureza, a tecnologia permitirá o monitoramento em tempo real das aves.
A tecnologia permite o acompanhamento de animais silvestres com pouca interferência humana. No caso das ararinhas-azuis, a localização delas será fornecida por meio de rádio-colares, ferramentas que também ajudarão na obtenção de informações sobre os hábitos e movimentos da espécie na caatinga.
“Todo o monitoramento das ararinhas-azuis liberadas na natureza será feito por meio de rádio-colar, um pequeno equipamento colocado em volta da pata, pescoço, asa ou dorso da ave”, explica Ugo Vercilio, analista ambiental da Coordenação de Ações Integradas para Conservação de Espécies do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia ligada ao Ministério do Meio Ambiente.
Os especialistas responsáveis pelo projeto buscam mitigar qualquer risco potencial ao monitoramento das ararinhas. Segundo Vercilio, animas como o papagaio e a arara, têm uma bicada muito forte, uma capacidade muito grande com o bico, podendo arrancar com facilidade colares e mochilas. Por isso, a melhor forma de acompanha-las é um dispositivo que fica na anilha de identificação, mais resistente que os demais dispositivos já testados.
As aves soltas na natureza terão completa liberdade para voarem para onde bem entenderem. Estudos apontaram que o habitat histórico da espécie é a região onde foi construído o centro, mas isso não impede que as aves escolham outro lugar para viver. O monitoramento é importante justamente para entender, a longo prazo, as tendências desse novo grupo e fatores que possam impactar a sobrevivência da espécie.
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