A ararinha-azul foi considerada extinta da natureza após o ano 2000, última vez em que a espécie foi avistada em seu habitat, a caatinga do Nordeste brasileiro. Graças a uma ação do Governo Federal em conjunto com diversas organizações internacionais, espécimes da ave criadas em cativeiro no exterior serão agora reintegradas ao meio ambiente. Entre os vários detalhes específicos da megaoperação está a quarentena, procedimento necessário e que deve ser realizado sempre que um animal viaja de um país para outro.
As 50 ararinhas que fazem parte do plano de ação chegam ao Brasil em março de 2020 da Alemanha, mais precisamente da Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP), que mantém as aves. A associação foi uma das responsáveis por traçar a cooperação técnica com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, que realizará um grande feito para a natureza.
Segundo Ugo Vercillo, analista ambiental da Coordenação de Ações Integradas para Conservação de Espécies do ICMBio, um dos passos mais importantes do repatriamento das aves é o período de quarentena no Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul, unidade de conservação criada no ano passado, em Curaçá, na Bahia, especialmente para receber as ararinhas.
“Qualquer transferência de um animal traz o risco de saúde sanitária. Todo animal carrega consigo potenciais patógenos e quando ocorre um transporte, ocorre o risco de transportar patógenos de um lugar para o outro, por isso é necessário que as aves fiquem em quarentena, aumentando a biossegurança de toda a operação”, explica Ugo.
Segundo o especialista, há apenas um quarentenário de aves no Brasil, em São Paulo, mas o ICMBio conseguiu junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) autorização para que o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul represente esse papel especificamente nesta ação. “O nosso centro de reprodução que está sendo construído servirá de quarentenário especial, específico para esse transporte das ararinhas”, conta Ugo. “O quarentenário de São Paulo não suportaria as 50 aves e a autorização do MAPA foi fundamental para que a ação continuasse como previsto.”
Após a quarentena, quando todos os exames necessários são feitos, as ararinhas-azuis poderão, enfim, iniciar o período de adaptação no viveiro antes de serem soltas e baterem as asas mais uma vez em seu habitat histórico.
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