Mais de 12,4 milhões de pessoas visitaram parques e florestas nacionais em 2018. Os dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade mostram que a visitação foi 6% maior do que no ano anterior (10,7 milhões). E se fosse possível interligar fisicamente todos esses pontos por meio de trilhas, gerando uma conexão nunca vista em prol do ecoturismo e da conservação da biodiversidade? Esse é o objetivo do programa Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade, lançado em novembro de 2019.
O sistema de trilhas prevê quatro grandes corredores naturais devidamente sinalizados entre trilhas que já existem dentro dos parques, além de novas que estão sendo demarcadas por voluntários. Quase 2 mil quilômetros já estão prontos e a expectativa é de que o percurso completo tenha 18 mil quilômetros quando estiver pronto, atraindo cerca de 2 milhões de visitantes por ano.
“Já temos trilhas pelo Brasil inteiro e mais estão sendo demarcadas. Cada uma delas vai ter sua própria identidade visual”, explica o secretário de Ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), André Germanos. “As equipes são formadas basicamente de voluntários, pessoas que costumam usar essas trilhas, pessoas do Ministério do Meio Ambiente, do ICMBio, Ibama, enfim, uma turma que está usando seu tempo livre para ajudar a demarcar todas as trilhas. Estamos estimulando e dando as ferramentas para que o objetivo seja alcançado.”
Desenvolvimento – O objetivo da Rede Trilhas é interligar unidades de conservação, paisagens e ecossistemas naturais. A medida também tem o intuito de reconhecer e proteger rotas pedestres de interesse natural, histórico e cultural, além de sensibilizar a sociedade para a importância do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). O Snuc foi concebido não só para potencializar a proteção do meio ambiente, como também para empregar uma visão estratégica das florestas e parques nacionais, gerando desenvolvimento na região.
Segundo Germanos, além de servir de opção de esporte na natureza e conectar unidades de conservação, a iniciativa também tem o potencial de aquecer a economia das cidades que estão próximas ou ao longo dos percursos, onde moradores podem oferecer serviços de hospedagem, guia, alimentação, venda de equipamentos, entre outros. “As trilhas vão funcionar como ferramenta de desenvolvimento socioeconômico, uma vez que geram um grande fluxo de pessoas que antes não passariam por ali. Isso faz girar a economia dessas cidades vizinhas das regiões por onde passam as trilhas”, destaca o secretário.
Atravessando o Brasil – A Rede Trilhas engloba percursos locais e regionais que ligam diferentes biomas de Norte a Sul. Os caminhos podem ser feitos a pé, de bicicleta, de cavalo ou outro modo que não envolva veículo motorizado. São grandes trilhas nacionais compostas por trilhas regionais menores. Onde acaba uma, começa a outra. Tudo para que os visitantes possam percorrer espaços em tempos variados, e continuar o caminho, em outra oportunidade, do ponto onde parou.
A Rede, resultado de um Acordo de Cooperação Técnica entre o MMA, o Ministério do Turismo, a Embratur e o ICMBio, inclui quatro grandes corredores: Litorâneo, do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS); Caminhos Coloniais, do Rio de Janeiro até Goiás Velho (GO); Caminhos dos Goyases, entre Goiás Velho e a Chapada dos Veadeiros (GO); e Caminhos do Peabiru, ligando o Parque Nacional do Iguaçu (PR) ao litoral paranaense.
Entre as trilhas já sinalizadas estão o Caminho da Serra do Mar (RJ), a Transcarioca (RJ), a Transespinhaço (MG), a Rota Darwin (RJ-PE) e o Caminho das Araucárias (RS/SC), que integram o corredor Litorâneo; o Caminho de Cora Coralina (GO) e o Caminho da Floresta Nacional de Brasília, que fazem parte do Caminhos dos Goyases; a Trilha Chico Mendes (AC); e a Transmantiqueira (RJ, MG e SP), que estão sendo percorridas pelos primeiros grupos de aventureiros e exploradores.
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