Cristina Ávila
Quando se pensa em meio ambiente, a primeira ideia são as florestas. Mas as ruas das zonas urbanas também fazem parte das preocupações ecológicas. Por esse motivo, o MMA iniciou nesta quarta-feira (20/7) uma oficina com técnicos do Governo Federal e cientistas que vão debater Cidades Sustentáveis. O encontro, que será realizado em três dias, vai resultar em uma agenda ambiental que norteará políticas públicas nacionais para os próximos anos.
"O meio ambiente se relaciona com o uso do solo, mobilidade urbana, qualidade do ar, poluição sonora e construções. Essa é uma temática muito ampla e precisamos focar em abordagens específicas que vão orientar nossas ações", disse o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, Nabil Bonduki, durante a abertura da oficina.
O secretário enfatizou que o MMA tem estimulado que as políticas públicas sejam aplicadas em conjunto de cidades vizinhas, organizadas, por exemplo, em consórcios regionais, ou que estados se organizem para melhor resultado de seus investimentos. Nabil Bonduki citou que mananciais não se limitam à geopolítica e também que a Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê novas logísticas para tratamento do lixo.
A primeira apresentação da oficina foi da arquiteta Liza Andrade, consultora do MMA. Ela fez uma exposição sobre as metodologias a serem desenvolvidas e falou sobre os principais aspectos a serem abordados, como a degradação provocada por ocupação de áreas que deveriam ser preservadas, como encostas e margens de córregos e rios.
Liza Andrade citou o Atlas Brasil, lançado neste ano pela Agência Nacional de Águas (ANA), que tem a perspectiva de que 55% dos 5.565 municípios brasileiros podem ter déficit no abastecimento de água nos próximos anos.
A arquiteta também falou dos avanços na área de saneamento básico no Brasil entre os anos 2000 e 2008. O esgoto coletado, que era de 35,3% passou para 68,8%, e os lixões que estavam em 72,3% das cidades hoje estão em 50,8%, devido às políticas desenvolvidas pelo Governo Federal.
As cidades, que ocupam 1% do território nacional, concentram 85% da população brasileira, em processo insustentável de urbanização. Esse tema foi abordado durante o primeiro dia da oficina promovida pelo MMA. Entre os assuntos enfocados estiveram não apenas o saneamento, mas o excesso de automóveis, a carência de parques e a inclusão de aspectos ambientais nas obras públicas e privadas.
Na quinta-feira, serão debatidos os espaços territoriais especialmente protegidos que têm a função de preservar recursos hídricos, paisagem, a reprodução da fauna e da flora. E na sexta-feira o contexto dos debates será a ocupação urbana, com ênfase nos impactos das mudanças climáticas, sentidos especialmente pelas populações mais pobres.
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