Com 982.500 Km2 de extensão e mais de 20 milhões de habitantes, o semiárido brasileiro ainda é pouco conhecido por sua gente. Normalmente a região é lembrada pela pobreza e pela seca. Para ajudar a mudar esse estereótipo e apresentar oportunidades, o Instituto Nacional do Semiárido (Insa), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, promoveu uma oficina para jornalistas, em Campina Grande, Paraíba, entre os dias 13 e 14 de setembro. No encontro, os profissionais puderam assistir a palestras e visitar a estação experimental do instituto onde são pesquisadas plantas adaptadas ao semiárido com propriedades fitoterápicas e estudados gados da raça Pé Duro, que se desenvolvem bem em área de seca.
O diretor do Insa, Roberto Germano Costa, explicou que a unidade de pesquisa trata de todas as questões envolvendo semiárido, desde a convivência da agricultura e pecuária com a região até o desenvolvimento de outras atividades, como artesanato e educação. "É preciso mudar a visão distorcida do semiárido como se fosse bolsões de pobreza. Há riqueza", diz o diretor, destacando o potencial agroindustrial como alternativa de desenvolvimento da região.
Observatório - Está em curso, segundo o diretor do Insa, a criação do Observatório do Semiárido, que vai mobilizar especialistas de vários setores envolvidos com a questão e instituições, como o Ministério do Meio Ambiente, para entender o estado de vulnerabilidade das regiões secas brasileiras. O espaço ainda vai promover oportunidades de desenvolvimento sustentável da região, formar profissionais e divulgar informações geradas.
O assunto foi tratado durante a Segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid-2010), realizada na cidade de Fortaleza, em agosto último. Na ocasião, o Ministério do Meio Ambiente, representado pelo secretário executivo José Machado, lançou a idéia da Conferência do Semiárido, ainda sem data marcada. A conferência servirá para reunir governos, especialistas e sociedade na discussão de soluções técnicas e políticas para combater a desertificação e para o crescimento sustentável da região.
O Insa está com um edital aberto para seleção de projetos que desenvolvam tecnologias e inovação para a conservação, recuperação e utilização dos recursos naturais do semiárido. Serão disponibilizados, no total, R$ 12,5 milhões. Cada projeto poderá ter, dependendo da linha de pesquisa, até R$ 50 mil ou até R$ 400 mil.
Atividades sustentáveis desenvolvidas pela própria sociedade são incentivadas pelo Ministério do Meio Ambiente. Com o estímulo às chamadas tecnologias sociais, o MMA trabalha com a vertente da convivência no semiárido para melhorar a qualidade de vida da população que vive nas áreas secas.
Semiárido - No Brasil, o clima semiárido abrange dez estados, alguns em menor e outros em maior proporção: Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí e Maranhão, num total de 1.162 municípios. A grande característica da região é o bioma da caatinga, que atinge 800 mil quilômetros quadrados e só existe no Brasil. No mundo, os climas árido e semiárido respondem por 42% da área total e abrigam mais de dois bilhões de habitantes.
Redes Sociais