A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participou nesta quarta-feira (5), na praia do Forte, na Bahia, da soltura simbólica do filhote nono milionésimo, número que significa a quantidade de tartarugas procriadas nas áreas de atuação do Projeto Tamar. Outras dezenas de filhotes da espécie foram soltas no mar, em celebração aos resultados positivos alcançados pelo projeto, que há 27 anos desenvolve trabalho intensivo de proteção à população de três das cinco espécies que habitam o litoral brasileiro. Também ganharam o mar três espécies adultas das tartarugas Cabeçuda, Oliva e de Pente, que passaram os últimos meses no interior do Tamar se recuperando das lesões sofridas pelas redes de pescadores e pelas hélices dos barcos.
No evento foram assinados acordos entre o MMA e a Petrobras para implantação do Planejamento Estratégico Integrado para os cinco projetos de conservação da biodiversidade marinha - Tamar, Peixe-boi Marinho, Baleia Franca, Jubarte e Golfinho Rotador - para os próximos dez anos. O planejamento tem por objetivo garantir que as políticas de conservação para essas espécies tenham sustentabilidade e evitem a extinção de componentes da biodiversidade marinha ameaçados.
Do processo de soltura das tartarugas participaram ainda o secretário-executivo do MMA e presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), João Paulo Capobianco; o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, além de representantes dos governadores dos estados brasileiros onde as três espécies de tartarugas ocorrem em maior quantidade (Bahia, Sergipe e Espírito Santo). No Tamar, as atividades de proteção, manejo e pesquisa nestas áreas prioritárias são desenvolvidas a partir de 21 bases distribuídas em nove estados brasileiros, abrangendo cerca de 1.100 quilômetros.
Em seu discurso a ministra Marina Silva homenageou os responsáveis pelo Projeto Tamar, que, no passado, tiveram a capacidade de pensar em medidas para proteger essas espécies marinhas ameaçadas. "Quero homenagear aqueles que num tempo bem atrás eram chamados de 'malucos' por estarem tentando salvar tartarugas. Hoje celebramos o resultado desse esforço", disse.
Segundo a ministra, tudo isso está dentro de um processo de ressignificação, que se repete na atualidade, em termos de valores, em relação a outras coisas e a outros processos. "Estamos ressignificando a nossa visão de desenvolvimento. Dizendo agora que não queremos nossa economia carbonizada. Vivemos um período de transição, onde buscamos outras fontes de energia. Esse é um processo de ressignificação. Então, a minha primeira homenagem é para aqueles que há quase 27 anos falaram para um outro tempo, que hoje vivemos aqui", disse a ministra.
O secretário-executivo do MMA e presidente do ICMbio, João Paulo Capobianco, definiu o sucesso do projeto como uma caminhada, com longo percurso pela frente, com vários problemas para resolver e desafios para enfrentar. Ele lembrou que o Tamar só se viabilizou pela obstinação de se fazer algo de concreto e relevante na defesa do patrimônio biológico.
Guy Marcovaldi, coordenador nacional do Projeto Tamar e representante dos Projetos de Biodiversidade Marinha, falou de seu sonho de ver o Brasil comparado a países desenvolvidos no que se referia à conservação marinha. "Esse projeto, com destaque no panorama mundial, tem elevado o Brasil perante a outras nações", informou. De acordo com ele, depois de dois anos de intenso trabalho conseguiu-se consolidar um planejamento estratégico capaz de garantir o futuro dos cinco maiores projetos de conservação marinha brasileiro para os próximos dez anos.
- Íntegra do discurso da ministra Marina Silva
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