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Secretário-executivo alerta países ricos para uso correto da biodiversidade

Publicado: Domingo, 11 Novembro 2007 22:00 Última modificação: Domingo, 11 Novembro 2007 22:00
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, fez um alerta sobre o risco de a "Estratégia de Lisboa" vir a perpetuar modelos de desenvolvimento concentradores de renda que tendem a agravar o fosso de desigualdades que separa os países do Norte dos países do Sul, com grande impacto sobre a biodiversidade. A advertência foi feita aos participantes da Conferência de Alto Nível em Negócios e Biodiversidade, ocorrida em Lisboa, nesta segunda-feira (12), para debater os desafios que o mundo e o setor privado precisam superar para promover o incremento de negócios com base na biodiversidade.

De acordo com Capobianco, o modelo de desenvolvimento baseado na agregação de valor e na geração de emprego e renda no Norte com base nas matérias-primas provenientes dos países tropicais não promove a redução da pobreza e não promove a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e a repartição justa e eqüitativa dos benefícios resultantes do uso dos recursos genéticos e dos conhecimentos tradicionais associados.

"É impraticável promover o manejo sustentável das florestas tropicais ricas em biodiversidade baseado na exportação de matéria-prima para países ricos mesmo que certificadas segundo os mais rígidos padrões ambientais, se não houver agregação de valor nos países em desenvolvimento. O resultado deste modelo nós já conhecemos e é bem exemplificado pelo aumento da pobreza e do desmatamento na maioria dos países exportadores de madeiras, que integram o Acordo Internacional e Madeiras Tropicais (ITTA)", disse.

Em seu discurso na mesa-redonda presidida pelo diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Achim Steiner, Capobianco afirmou que a conservação da biodiversidade não pode depender apenas da boa vontade e dos escassos recursos da filantropia internacional. Segundo o secretário-executivo, se realmente acreditamos que a manutenção da biodiversidade é fundamental para a sobrevivência e a prosperidade da humanidade, devemos propiciar sua conservação e uso sustentável onde ela ocorre.

O secretário-executivo do MMA lembrou ainda em seu discurso que assim como é um desafio de grandes proporções para os países desenvolvidos a modificação de uma economia baseada em combustíveis fósseis, a redução das taxas de desmatamento requer mudanças estruturais nos atuais modelos de desenvolvimento econômico dos países em desenvolvimento. "Temos consciência de que não podemos repetir os erros do passado, quando países hoje industrializados destruíram seus recursos naturais para se tornarem as potências atuais. Por isso, o grande esforço planetário, hoje, nessa matéria, deve ser tornar as florestas em pé uma nova e efetiva alternativa de desenvolvimento econômico e social que seja mais atraente do que sua simples conversão em pecuária e agricultura".

Capobianco informou que no Brasil, o desmatamento vem sendo atacado por meio de um grande esforço concentrado entre vários atores governamentais e não-governamentais, com enorme complexidade política e mobilização de investimentos significativos em termos de recursos financeiros e institucionais. "Os resultados se traduziram numa redução de mais de 50% nas taxas de desmatamento na Amazônia brasileira nos últimos três anos", destacou.

De acordo com o secretário, tudo que possa ameaçar a biodiversidade ou conspirar contra a repartição eqüitativa de seus benefícios deve ser rejeitado como ameaça à sobrevivência da humanidade e da Terra. "Nada que ameace a vida serve à causa comum da humanidade e esse é um paradigma que deve gerar conseqüências políticas e jurídicas", alertou. Capobianco encerrou seu discurso dizendo não haver dúvida da necessidade da promoção, em escala planetária, do uso sustentável e socialmente justo da biodiversidade. "Desafio este que só poderá ser atingido através do decidido envolvimento de governos, empresas e movimentos sociais".


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