Rafael Imolene
Cerca de 70 técnicos e especialistas em solo de diferentes regiões do Brasil debateram durante três dias, em Brasília, estratégias de proteção do solo e gerenciamento de áreas contaminadas. Ao final, avançaram na adoção de parâmetros para classificar os diferentes tipos de solos do Brasil, bem como mecanismos para protegê-los de contaminações. A oficina, organizada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e realizada na sede da Organização Panamericana de Saúde (Opas/OMS), terminou nesta quarta-feira (4).
De acordo com o pesquisador da Embrapa Solos, Daniel Vidal Perez, a simples adoção de um linguajar nacional significa um importante avanço nas pesquisas brasileiras sobre o solo. "Temos um bom modelo, que é o de São Paulo. Mas, para adotá-lo em escala nacional, antes precisamos de um parâmetro que seja válido para todos os estados", afirma Perez. "Como existe muita diferença entre os solos das inúmeras regiões do país, necessitávamos desta padronização", explica o pesquisador.
A proteção de solo e o tratamento de áreas contaminadas são dois temas que deverão ganhar maior relevância em todo o mundo à medida em que se agravam os problemas decorrentes da escassez de água. Como a maior parte da água doce do planeta brota do subterrâneo, a contaminação do solo significa maior escassez dos recursos hídricos. Nos Estados Unidos, por exemplo, existe um extenso aqüífero contaminado por uma alta concentração de nitrato. Assim, fica impedido o consumo humano da água proveniente de todo esse aqüífero.
O Brasil, embora apresente uma situação confortável quanto aos recursos hídricos, já convive com o problema da falta de água em algumas regiões, pontualmente aquelas de grande concentração populacional. As regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro estão praticamente no limite da captação de água doce. Uma contaminação de solo poderá provocar um desabasteciemnto que afetaria milhões de brasileiros.
Além de ser uma questão de saúde pública, as políticas de proteção da qualidade do solo e de gerenciamento de áreas contaminadas contribuem diretamente para garantir segurança a investidores, pois são ferramentas que conferem respaldo jurídico e embasamento técnico para a instalação de empreendimentos.
A convite do Conama/MMA, participaram da oficina especialistas do Ibama, Ministério da Agricultura, Petrobras, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Agência Nacional de Águas (ANA), Cetesb e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Também enviaram representantes a Universidade de São Paulo (USP), o Ministério Público Federal e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre outros órgãos, empresas, entidades e universidades.
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