Rubens Júnior
A ministra Marina Silva viaja nesta quarta-feira (14) para a Alemanha. Em Potsdam, perto de Berlim, ela participará de reunião de 48 horas de ministros do Meio Ambiente do G-8 + 5. O Grupo, que reúne, ao lado das nações mais ricas do mundo, os cinco maiores países em desenvolvimento (Brasil, China, México, Índia e África do Sul), tratará de dois temas centrais: Biodiversidade e Mudanças Climáticas. Marina Silva chamará atenção dos colegas quanto à urgência de acrescentar ao evento outro debate, especialmente caro ao Brasil - o tema da repartição justa e eqüitativa dos benefícios provenientes do uso do patrimônio genético brasileiro e dos conhecimentos dos povos tradicionais que habitam as florestas do País.
Mesmo que as nações, européias inclusive, tenham se comprometido, na Conferência das Partes (COP-8), em Curitiba, em 2006, a resolver aquele ponto no menor prazo possível até 2010, o tema da "repartição de benefícios" não faz parte do elenco de questões propostas pelo governo alemão para as discussões em Potsdam. "A ministra viaja preocupada com a falta de prioridade em relação àquele assunto", disse o chefe da Assessoria para Assuntos Internacionais do MMA, Fernando Lírio. "Mesmo que o prazo final para definir a legislação internacional de ´repartição´ seja 2010, se há o compromisso expresso da celeridade, a ministra entende que o encontro de Potsdam já deveria contemplar entendimentos em torno desse tema, de fundamental importância para o Brasil", afirmou Lírio.
Segundo estatísticas, o Brasil detém cerca de 20% das espécies de flora e fauna existentes no planeta. É o primeiro dentre os 17 países considerados megadiversos do mundo. É também o principal destino dos traficantes de amostras genéticas de espécies animais e vegetais, destinadas à produção de medicamentos e cosméticos no exterior, duas indústrias que produzem lucros estratosféricos ao redor do mundo.
Clima - Em Potsdam, nos debates sobre mudanças climáticas, a ministra falará, por exemplo, sobre a progressiva utilização de combustíveis renováveis no Brasil, como etanol e biodiesel, no enfrentamento da poluição e do aquecimento global. Marina Silva dirá, porém, que a provável expansão mundial da utilização daqueles combustíveis deve obrigatoriamente considerar as variáveis ambientais, com os governos tomando cuidados em relação aos impactos causados na natureza pelo plantio de cana-de-açúcar e de outros produtos agrícolas geradores de biocombustíveis.
Como prometido em Nairóbi, no Quênia, em 2006, a ministra aproveitará o evento na Alemanha para falar de iniciativas positivas implantadas no País, buscando incentivar a redução das emissões decorrentes do desmatamento. O Brasil tem feito história nessa ação, já que nos últimos dois anos conseguiu reduzir a taxa de desmatamento na Amazônia em 52%.
De 6 a 8 de junho próximo, os ministros do Meio Ambiente do G-8 + 5 se reunirão novamente na Alemanha para nova rodada de discussões destinadas a traçar rumos na área ambiental.
Redes Sociais