Marluza Mattos
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participou nessa sexta-feira (14), em Manaus, da abertura do simpósio "Religião, ciência e meio ambiente", cujo tema é Amazonas, fonte de vida. Em seu pronunciamento,a ministra destacou a importância de se ter uma visão multidisciplinar na busca de respostas para os principais desafios na área ambiental. O simpósio, segundo ela, é uma oportunidade para isso. "Estamos aqui para dizer que Ciência tem alma e que fé tem cabeça", destacou.
Marina Silva disse ficar feliz ao ver, participando do encontro, pessoas que têm grande contribuição a dar em relação ao que está sendo feito no Brasil. "Temos a maior parte da Amazônia, vamos trabalhar para que, com soberania, possamos, cada vez mais, ajudar e ser ajudado a salvaguardar o que considero a parte mais bela parte do planeta", prosseguiu.
Em seu discurso, a ministra salientou a participação social na construção das políticas ambientais brasileiras. Como exemplo, citou o Sistema de Detecçãode Desmatamento em Tempo Real (Deter). De acordo com ela, tanto comunidades locais e tradicionais, como a comunidade científica, pediam mais transparência na fiscalização do desmatamento.
Ela lembrou que, hoje, o sistema permite que qualquer pessoa acompanhe o avanço do desmatamento, por meio de imagens fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O sistema faz parte do Plano de combate ao desmatamento, elaborado por 13 ministérios, implantado em março de 2004 pelo do governo federal.
A ministra também destacou que a Amazônia abriga a primeira estrada planejada com cuidados socioambientais: a BR 163. "Antes da pavimentação, foram demarcadas as terras indígenas e foram criados oito milhões de hectares em unidades de conservação", lembrou.
O evento de Manaus reúne cerca de 200 cientistas, teólogos, líderes religiosos, ambientalistas, representantes de organismos internacionais, chefes indígenas e jornalistas de todo o mundo. Os debates acontecem em barcos, que navegarão pelas águas do rio Amazonas. Eles partem de Manaus e seguem para visitar pontos de interesse ambiental às margens do rio,durante seis dias, encerrando a viagem no próximo dia 20.
O simpósio da Amazônia é o sexto da série, e o primeiro a acontecer fora da Europa. Ele é organizado pela ong Religião, Ciência e Meio Ambiente, com o co-patrocínio do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. Conta com a participação do Patriarca Bartolomeu I, líder espiritual de 250 milhões de cristãos ortodoxos gregos. O Patriarca Bartolomeu é conhecido no cenário internacional por sua atuação na defesa do meio ambiente. Ele é o principal incentivador do simpósio.
Na abertura do simpósio, o Patriarca Bartolomeu I destacou a necessidade de se preservar a Amazônia. Em sua opinião, nenhum outro lugar no mundo reflete, com tanta transparência como a amazônia, a criação de Deus e as escolhas que devem ser feitas. O papa Bento XVI mandou mensagem agradecendo a iniciativa de proteção ao meio ambiente no Brasil.
O objetivo do evento é discutir os desafios ambientais e as questões éticas relacionadas à proteção do meio ambiente. Os participantes irão visitar reservas ambientais e comunidades locais. No dia 16, os líderes religiosos farão a benção das águas dos rios Solimões e Negro, no encontro das águas.
Durante a abertura do simpósio, foi anunciado que o governo grego oferecerá duas bolsas de estudos para que alunos brasileiros façam um curso na área ambiental na Grécia.
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