Gerusa Barbosa
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Claudio Langone, afirmou que, nos últimos três anos e meio, o Brasil avançou de forma expressiva para combater o processo de desertificação, passando o tema, inclusive, a integrar a política de governo. "Somente uma política de desenvolvimento mais integrado pode reverter a situação das populações brasileiras que vivem em áreas de risco", disse. O secretário participou nesta sexta-feira (16), em Brasília, da solenidade comemorativa ao Dia Mundial de Combate à Desertificação (17 de junho). Na ocasião foram lançados produtos filatélicos produzidos pelos Correios (selos, carimbos e cartão postal personalizados) relativos à data e uma cartilha explicativa sobre o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil).
Claudio Langone informou que o Brasil hoje tem um papel de destaque no processo de implementação Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (CCD), bem como de outras duas convenções das Nações Unidas (Diversidade Biológica e a de Mudanças Climáticas). "Estamos recuperando, de 2003 para cá, espaço no plano internacional fazendo com que hoje o processo de elaboração do plano brasileiro (PAN-Brasil) e a estratégia de produção dos relatórios de acompanhamento sejam usados pelas Nações Unidas como modelo para outros países", observou.
De acordo com Claudio Langone, os avanços alcançados pelo Brasil contra a desertificação são hoje reconhecidos pela sociedade brasileira e pela comunidade internacional. "O país deu passos importantes em relação à implementação dessa agenda". O secretário informou que para combater a desertificação no Brasil, o governo desenvolve políticas de geração de renda, de suprimentos básicos, bem como programas estratégicos voltados para a preservação ambiental das florestas nativas. "O desmatamento e o mau uso do solo são os principais vetores que provocam o processo de desertificação no semi-árido brasileiro", destacou Claudio Langone.
O secretário explicou que no semi-árido a desertificação abrange uma área bastante importante do Brasil. "À medida que se agrava esse processo, nós vamos perdendo essas áreas para a utilização produtiva porque agrava o processo de pobreza e de exclusão social". Ele lembrou que em todo o mundo, as regiões mais suscetíveis à desertificação são ocupadas por populações de baixa ou baixíssima renda. "Precisamos sempre combinar estratégia de combate à desertificação com políticas de desenvolvimento econômico, inclusão social e preservação ambiental", ressaltou.
O secretário de Recursos Hídricos do MMA, João Bosco Senra, destacou que o trabalho de combate à desertificação e a pobreza no Brasil tem sido muito rico, envolvendo e integrando outros ministérios, sociedade, estados, parlamento, cooperação alemã (GTZ), no processo de implementação do plano nacional de combate à desertificação. "Trabalhamos sob uma perspectiva inovadora num processo de sinergia e de transversalidade entre as convenções", disse João Bosco.
A diretora-geral da Agência de Cooperação Alemã (GTZ) no Brasil, Doris Thurau, elogiou o esforço do governo brasileiro para reduzir os impactos sociais e econômicos em áreas afetadas pela desertificação. "O problema da desertificação é um desafio global e o Brasil, especialmente o Ministério do Meio Ambiente, avançou nos últimos três anos para combater esse processo", afirmou.
O Brasil possui as áreas suscetíveis à desertificação mais densamente povoadas do mundo. Numa área correspondente a 15,7% do território nacional, englobando 32 milhões de pessoas, está quase 20% do total da população brasileira. As áreas ameaçadas envolvem os nove estados nordestinos, o norte de Minas Gerais e uma parte de Espírito Santo.
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