Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > InforMMA > Governo fortalece parcerias para combater desertificação em Gilbués, no Piauí
Início do conteúdo da página

Notícias

Governo fortalece parcerias para combater desertificação em Gilbués, no Piauí

Publicado: Quinta, 22 Setembro 2005 21:00 Última modificação: Quinta, 22 Setembro 2005 21:00
 Gerusa Barbosa

Articular uma série de políticas públicas para combater o avanço da desertificação no município de Gilbués, no sul do estado do Piauí, será o próximo passo da equipe técnica do governo federal que visitou a região entre os dias 18 e 21. Coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, a iniciativa teve por objetivo fortalecer parcerias para ações integradas e propor alternativas de desenvolvimento sustentável para a região, de acordo com as diretrizes do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil).

Gilbués possui a maior área contínua desertificada do país. É considerado pelo PAN-Brasil como um dos núcleos de desertificação no Nordeste. A degradação do solo atinge mais sete municípios da região: São Gonçalo do Gurguéia, Corrente, Monte Alegre do Piauí, Barreiras do Piauí, Curimatá, Redenção do Gurguéia e Bom Jesus.

Segundo o coordenador de Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, José Roberto de Lima, a geologia da região é atípica, diferente do resto do país. É um ambiente muito frágil e o processo de degradação é muito potencializado pela exploração inadequada dos recursos dos bens ambientais. Precisamos conhecer melhor os impactos dessas ações e dessa antropização, disse. O coordenador informou que o Ministério do Meio Ambiente liberará nos próximos dias recursos de cerca de R$ 120 mil para apoio à construção da sede do Núcleo de Pesquisa de Recuperação de Áreas Degradadas (Nuperade). O Núcleo é importante para direcionar e organizar as políticas públicas para a região.

Implantado pelo governo do Piauí, em 2004, o Núcleo é situado na parte mais atingida pela erosão, uma área de 53 hectares. Segundo José Roberto, a idéia é construir salas de aula, biblioteca, anfiteatro para viabilizar pesquisas sobre a fragilidade do ambiente. O local está cercado para impedir a entrada de animais. Lá, pesquisadores desenvolvem experiências utilizando práticas mecânicas e vegetativas. Pelo processo mecânico, serão aproveitadadas as microbacias para reter a água no solo e o uso de trator para conter a erosão. No vegetativo, a experiência está sendo aplicada com o plantio dos feijões guandu e caupi.

Segundo José Roberto, a idéia é desenvolver com os parceiros no núcleo de Gilbués ações efetivas voltadas para a produção e combate à pobreza. A expectativa é a de que, após a visita à região, surjam projetos para minimizar o impacto ambiental e social. Nas oficinas realizadas no município, foram encaminhadas propostas para o desenvolvimento de projetos na área da agricultura, educação contextualizada, gestão territorial e mineração.

Algumas ações do ministério estão sendo realizadas na região sul do Piauí, como o projeto Monitoramento da Qualidade e Quantidade Água da Bacia do Rio Gurguéia (PI), que será o primeiro a ser implantado com recursos do Programa Nacional do Meio Ambiente (PNMA II), no valor de 250 mil dólares. Até o final deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) concluirá o diagnóstico detalhado das condições físico-ambientais na região dos cerrados piauienses. O objetivo é fornecer subsídios para elaboração do zoneamento ecológico-econômico na região.

Segundo os pesquisadores, o processo de desertificação em Gilbués iniciou-se entre as dácadas de 40 e 60 com a exploração de diamantes. Hoje, imensas voçorocas no solo são as marcas deixadas pela garimpagem, como na comunidade do Boqueirão. Há também outra explicação que contribuiu para a degradação do solo ao longo dos anos: fatores antrópicos (ação do homem) e ambientais (climáticos). Gilbués está situada numa área de transição, de clima subúmido seco. Ou seja, chove muito num curto espaço de tempo e é seco em períodos mais longos. As terras quando não são arrastadas pelas águas, vão embora durante a seca, época em que os ventos chegam de 80 a 100 quilômetros por hora, resultando na formação de grandes dunas de terras fofas sem nenhuma cobertura vegetal.

Até o início de outubro, a equipe concluirá o relatório que contemplará análises técnicas sobre a geologia, vegetação, território, fauna, flora, entre outras. Participaram da visita, representantes dos Ministérios do Meio Ambiente, Cidades, Agricultura, Relações Exteriores, Agência Nacional de Águas, Ibama/PI, Codevasf, Secretaria de Meio Ambiente do Piauí, prefeituras dos municípios dos núcleos de desertificação, Instituto Cooperforte, GTZ, Alfabetização Solidária, Instituto Interamericano de Cooperação à Agricultura (IICA), SOS Gilbués, Editora Horizonte Geográfico, e outra entidades.


Fim do conteúdo da página