Aldem Bourscheit
O governo entrega esta semana as primeiras máquinas para reciclagem dos gases de aparelhos de ar-condicionado instalados em automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos. Cerca de 20 empresas serão treinadas no uso dos equipamentos durante oficina que será realizada entre quinta e sexta-feira na Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, em São Paulo (Avenida Rio Branco, 1492). A capacitação acontecerá entre 9h e 17h. Participarão membros do Ministério do Meio Ambiente, do Senai e do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
A oficina inclui explicações técnicas sobre o uso seguro das máquinas e quanto à recuperação dos principais gases usados para refrigeração, os CFCs. Receberão aparelhos empresas selecionadas de acordo com regras definidas pelo governo, como possuir registro no Cadastro Técnico Federal e ter consumo mínimo de 50 quilos/ano de CFC-12. Os critérios para escolha das empresas foram publicados na Portaria 121, de 12 de maio de 2005, do Ministério do Meio Ambiente. Durante o treinamento, também será realizada palestra sobre o Protocolo de Montreal, acordo que prevê a eliminação mundial do uso dos CFCs pelos danos que causam à Camada de Ozônio.
Com as máquinas, o gás poderá ser recolhido, reciclado e reinjetado nas próprias oficinas mecânicas, em poucos minutos. O gás não precisará ser regenerado em outro local, como já ocorre com geladeiras e freezers domésticos e industriais fabricados até 1999. A reciclagem e a recuperação desses gases faz parte do Programa Brasileiro de Eliminação de CFCs.
Em frigoríficos, freezers, geladeiras, condicionadores de ar e frigobares antigos, o CFC é o "gás de geladeira", usado para retirar o calor do aparelho e liberá-lo do lado de fora. O uso e a liberação desse gás no ambiente provocou a redução da Camada de Ozônio em algumas regiões, principalmente no sul do Planeta (foto). A camada é semelhante a um grande filtro que protege a saúde humana e os seres vivos dos raios ultravioleta.
Entre os prejuízos causados pela degradação da Camada de Ozônio, estão uma maior incidência de câncer de pele, de queimaduras e de cataratas, prejuízos ao sistema imunológico e a redução da fotossíntese, levando a uma queda na produtividade de várias culturas agrícolas.
A eliminação dos CFCs é um compromisso assumido pelo Brasil quando ratificou o Protocolo de Montreal, em 1990. Desde 1999, quando foi encerrada a produção de CFCs no Brasil, a fabricação e o uso desses gases foram reduzidos em 82,8%. Até 1997, o Brasil consumia cerca de 10 mil toneladas/ano de CFCs. No ano passado, o uso foi de menos de duas mil toneladas.
Além da significativa redução no uso de CFCs, o País eliminou 88% dos halons, usados em extintores de incêndios, 77,3% do tetracloreto de carbono, utilizado pela indústria química, e 76,3% do brometo de metila, aplicado principalmente na indústria do tabaco. Com a redução consumo desses gases, o País antecipa em quatro anos as metas do Protocolo de Montreal.
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