O Maranhão, mesmo não sendo caracterizado como uma área de semi-árido, tem grandes chances de desenvolver o problema. "A situação não é tão grave quanto no Ceará e Rio Grande do Norte, por exemplo, mas o custo da prevenção será menor que o de enfrentar os problemas provocados pela desertificação", disse ontem o secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, João Bosco Senra (na foto, à direita), na abertura da 10ª Reunião de Países da América Latina e Caribe da Convenção de Combate à Desertificação das Nações Unidas (UNCCD, sigla em inglês), em São Luís.
De acordo com conceitos internacionais, uma área pode se tornar desértica por razões climáticas e também pela interferência humana, com técnicas agrícolas inadequadas e sobreexploração dos recursos naturais.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Othelino Neto, ressaltou que, apesar da relativa abundância de recursos hídricos, já há indícios de semi-aridez em 45 municípios maranhenses. "Estamos na Amazônia Legal e, na maior parte dos municípios, os índices pluviométricos estão bem acima do restante do Nordeste", destacou. Segundo ele, o estado tem participação ativa nas ações da UNCCD, o que demonstra o compromisso com a construção de um novo modelo de desenvolvimento, sócio e ambientalmente sustentável. "Essa luta começa no momento em que assumimos a nossa realidade, de um estado pobre e com elevados níveis de degradação ambiental", observou ele,
Já Gregoire de Kalbermatten, secretário da UNCDD, ressaltou a importância do Brasil para o combate à desertificação na América do Sul. "A convenção representa a vontade da comunidade internacional pela igualdade. Esta reunião estabelecerá uma trilha nova e bem sucedida da implantação da Convenção", disse. "A América Latina e o Caribe ainda têm uma chance de se salvarem destes efeitos", completou.
Participam do encontro, até amanhã, representantes de governos, de agências de cooperação e financiamento e de entidades civis de 31 países, que discutirão, até amanhã, o combate à desertificação e à pobreza associado ao desenvolvimento sustentável. Entre os temas que serão discutidos, está o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil), lançado em julho do ano passado pelo Ministério do Meio Ambiente. Ao mesmo tempo, acontecerá o Fórum de Organizações Não-Governamentais de Combate à Desertificação da América Latina e Caribe.
De acordo com Senra, o PAN-Brasil é amplo e conta com a participação de outros ministérios, como o da Reforma Agrária. "Antes de 2003, ano da elaboração do programa, só havia um técnico no Ministério que trabalhava com a desertificação. Hoje são 13 pessoas só para isso", disse. "O tema da desertificação não está mais restrito ao Governo Federal, mas é também de todos os governos estaduais", concluiu.
* com informações da assessoria de imprensa do evento
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