A ocupação do Cerrado se intensificou nos últimos vinte anos, principalmente pelo avanço descontrolado da agricultura e da pecuária. Ao contrário da Mata Atlântica, que foi reduzida a uma fração da sua área original ao longo de séculos, no Cerrado o desmatamento caminha em ritmo acelerado. Os números sobre o que realmente resta do bioma não são nem um pouco precisos, variando entre 5% e 50%. O problema atinge outras regiões, dificultando a definição de políticas e o direcionamento de recursos públicos para a preservação e a recuperação dos ambientes naturais.
Agora, o Ministério do Meio Ambiente está começando um levantamento completo dos remanescentes do Cerrado, Caatinga, Amazônia, Campos Sulinos, Pantanal e Mata Atlântica. Com o Edital 03/2004 do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio), do Ministério do Meio Ambiente, foram selecionadas instituições para o levantamento dos remanescentes, uma para cada bioma (quadro abaixo).
Entre os produtos que serão apresentados pelo MMA, até o fim do ano, estão um atlas, mapas gerais e regionais e uma base de dados sobre a cobertura vegetal do país. Os mapas finais também possuirão informações sobre principais rios e outros mananciais, divisão política, áreas urbanas, cidades, municípios, estradas e rodovias e tipos de vegetação. "O trabalho é inédito e trará novas informações para a formulação de políticas públicas e para o uso equilibrado das riquezas naturais do país", disse Paulo Yoshio Kageyama, diretor do Probio.
A iniciativa padronizará as informações sobre os biomas brasileiros, permitindo maior eficácia no planejamento de ações de conservação. Ainda hoje, há grande diferença quanto à qualidade e quantidade de informações sobre os biomas. A maior quantidade é sobre a Amazônia e a Mata Atlântica, que têm monitoramento sobre as mudanças na cobertura vegetal. Na Caatinga, por exemplo, o último levantamento (parcial) foi realizado há mais de quinze anos. Para o Cerrado, existem apenas mapeamentos parciais. "A pesquisa permitirá ações mais rápidas com a aceitação da sociedade, que conhecerá a real situação dos biomas brasileiros", completou Kageyama.
Em 2004, o Ministério do Meio Ambiente lançou o Mapa dos Biomas e o Mapa de Áreas Prioritárias para Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira.
Instituições responsáveis pelo levantamento
Caatinga - Associação Plantas do Nordeste
Campos Sulinos - Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Cerrado - Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Agronegócio
Pantanal - Embrapa Informática Agropecuária
Amazônia - Inpe/Funcat
Mata Atlântica - Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia
Mais informações sobre biodiversidade brasileira em
http://www.mma.gov.br/port/sbf/chm/capa/index.html
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