Um dos maiores desafios do Projeto Manejo Integrado da Caatinga, patrocinado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, sigla em inglês) é oferecer alternativas sustentáveis para o uso da lenha na matriz energética. O GEF Caatinga, como é conhecido o projeto, tem recursos de US$ 4 milhões para os quatro primeiros anos de implantação. Este mês, um encontro em Natal (RN) reuniu os parceiros para a apresentação do relatório da fase preparatória e para discutir as estratégias de implementação do projeto.
Atualmente, 30% da energia utilizada em indústrias e em residências da região Nordeste é de origem madeireira. O pólo gesseiro do Araripe, em Pernambuco, utiliza 1,5 milhão de metros de lenha por ano. Na região do Seridó (RN), que tem 27 municípios, residências e indústrias, na maior parte cerâmicas, usam 500 mil metros a cada ano.
O coordenador regional do GEF-Caatinga, Francisco Campelo, informa que a cobertura vegetal da Caatinga ainda permite atender a demanda, mas que na maior parte das vezes a lenha é usada de maneira inapropriada e sem esperar a regeneração da vegetação para realizar nova retirada. "A madeira da Caatinga é utilizada de forma predatória, irracional e ilegal", afirma Campelo.
Um dos objetivos do GEF-Caatinga é disseminar técnicas de coleta que respeitem o ciclo de corte. Também serão difundidas técnicas específicas para a convivência da produção de lenha com a produção de forragem para animais. A idéia não é mudar radicalmente a matriz energética, mas incentivar o uso de tecnologias simples, adequadas ao perfil socioeconômico da região, que possibilitem reduzir a pressão sobre a vegetação.
Na fabricação de carvão em ambientes normais, por exemplo, são necessários até 7 metros de lenha para a obtenção de 1 metro de carvão. Em fornos alternativos é possível obter 1 metro de carvão usando apenas 2 metros de lenha. O uso de termômetros em fornos, além de diminuir o uso de lenha, aumenta a qualidade da produção, garantindo a uniformidade do produto. Na produção de telhas uma das maiores causas de perda de produto é a temperatura exagerada do forno, que provoca rachaduras no material. Já o excesso de fumaça deixa as telhas escuras, reduzindo seu valor no mercado.
O gerente da Unidade de Apoio do Programa Nacional de Floretas no Nordetes, Newton Barcellos, explica que medidas simples, como o manejo da lenha no pátio, garantem o melhor aproveitamento da lenha e a redução da fumaça. O manejo consiste apenas em secar a lenha, expondo-a ao sol, antes de usar em fornos.
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