Brasília – As belezas naturais e culturais da Serra da Bocaina, de Paraty (RJ) e de Angra dos Reis (RJ) concorrem a ser consagradas como Patrimônio Mundial. A candidatura do primeiro sítio misto brasileiro ao título foi oficializada e, na semana passada, a região recebeu visita oficial da Unesco, por meio de representantes do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A candidatura Paraty: Cultura e Biodiversidade envolve as áreas protegidas da cidade de Paraty e seu centro histórico, as unidades de conservação (UCs) de Angra dos Reis e toda a Serra da Bocaina, localizada nestes dois municípios fluminenses e em quatro outros municípios de São Paulo: Cunha, São José do Barreiro, Areias e Ubatuba (veja lista abaixo).
Além dos recursos naturais, a proposta enaltece as comunidades quilombolas, indígenas e caiçaras que vivem na região. “O sítio inclui o modo de vida destas comunidades e sua forma de se relacionar com a biodiversidade”, afirma o diretor de Áreas Protegida do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Sotero.
O resultado da candidatura será anunciado em meados do próximo ano, na reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que ocorrerá entre 30 de junho e 10 de julho de 2019, em Baku, no Azerbaijão. Caso aprovado, o sítio misto será reconhecido como patrimônio mundial cultural e natural. O título considera, assim, tanto a biodiversidade quanto a cultura viva local, que se traduz em aspectos como o modo de vida, o artesanato e a língua dos povos tradicionais da região.
O reconhecimento contribuirá para a proteção e a valorização da região. “Trata-se de uma região com enorme variedade de ambientes e fisionomias vegetais. Isso proporciona à região uma biodiversidade impar”, explica Sotero. Pelo caráter misto, a candidatura envolve o MMA, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) em conjunto com o Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), além das prefeituras.
VISITA
As equipes dos órgãos assessores da Unesco percorreram locais como a Serra da Bocaina e um trecho do Caminho do Ouro, onde há vestígios preservados remanescentes das antigas rotas usadas em expedições para o interior do país. No centro histórico de Paraty, visitaram locais como o Museu de Arte Sacra e a Casa de Cultura.
O grupo também conheceu os registros da presença humana na região, em períodos ainda mais antigos, como na visita à Oficina Lítica localizada na Praia de Dois Rios, na Ilha Grande. Assistiram, ainda, a manifestações culturais como a apresentação do coral da Aldeia Itaxi (Guarani-Mbya) na Terra Indígena Paraty-Mirim e do jongo no Quilombo do Campinho. Puderam também conhecer a Canoa Caiçara e seu modo de produção.
Nas unidades de conservação, vivenciaram a diversidade biológica que habita toda a área do Sitio e que se estende do fundo do mar a mais de 2 mil metros de altitude. Por meio de sobrevoos, visitas, trilhas pela Mata Atlântica e atividades de observação de pássaros, foi exposta toda a riqueza que faz da região uma área única no mundo.
Os avaliadores também puderam provar pratos típicos da culinária caiçara e quilombola feitos com ingredientes locais e da biodiversidade, constatando a alta gastronomia que se pratica em Paraty, reconhecida pela Unesco como Cidade Criativa para a Gastronomia. O trabalho envolveu também várias reuniões com o conjunto amplo de parceiros, entre governos e sociedade civil e só foi possível pelo compromisso e engajamento de todas as instituições.
SAIBA MAIS
Confira as UCs que compõem a área ampla do sítio misto:
Federais:
- Parque Nacional da Serra da Bocaina
- Estação Ecológica de Tamoios
- Área de Proteção Ambiental de Cairuçu
Estaduais:
- Reserva Ecológica Estadual da Juatinga
- Parque Estadual da Ilha Grande
- Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul
- Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Aventureiro
- Área de Proteção Ambiental de Tamoios
Municipal:
- Área de Proteção Ambiental Municipal da Baía de Paraty
Por: Ascom MMA, com informações do Iphan.
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