WALESKA BARBOSA
O Parque Nacional (Parna) da Lagoa do Peixe, localizado na península da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, recebe, entre esta quinta e sexta-feira (26 e 28/10), o 13º Festival Brasileiro das Aves Migratórias. A área de 34 mil km² é conhecida como o paraíso das espécies e serve como fonte de alimentação e descanso para aves vindas de países sul-americanos e do Ártico.
O festival é promovido pela SAVE Brasil e organizado pela Prefeitura Municipal de Tavares e pelo Parque Nacional da Lagoa do Peixe, gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, com o apoio do Sebrae.
A programação do festival inclui saídas guiadas para observação de aves, atividades de ecoturismo, apresentações artísticas e oficinas para adultos e crianças. Também estão previstas palestras e mesas redondas ministradas por especialistas de diversas partes Brasil e do mundo.
ESPÉCIES
O Parque já registrou mais de 270 espécies migratórias ou residentes na região, como o cisne de pescoço preto, o coscoroba, o talha-mar e os maçaricos. Elas se alimentam de microrganismos que vivem na lagoa e se transformam em um atrativo natural, no ambiente ideal para observação. A ave símbolo do Parque, o flamingo, migra do Chile anualmente, durante o inverno, para a área no Rio Grande do Sul.
"O Parque Nacional da Lagoa do Peixe, sendo área de importância internacional para as aves migratórias e como uma das maiores áreas de invernada da América do Sul, consiste em local estratégico para a realização de um evento como esse", afirmou o diretor de Conservação e Manejo de Espécies do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ugo Eichler Vercillo.
De acordo com a bióloga da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), Juliana Almeida, apesar de ter áreas fundas, de até dois metros, a maior parte da lagoa é rasa. "Isso proporciona um ambiente ideal para o crescimento de microrganismos, que são fonte de alimento para as aves migratórias que vão para lá para se alimentar e descansar", ressaltou.
A coordenadora do Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação das Aves Limícolas Migratórias, Danielle Paludo, afirma que, agora é época de migração para aves que vêm do hemisfério norte, fugindo do inverno boreal. Por ser primavera, é período reprodutivo para algumas espécies como o piru-piru e maçarico-de-duplo-colar, que formam pares e começam a nidificar nos campos e dunas.
"Tamanha diversidade de espécies e atributos naturais tornam o Parque Nacional da Lagoa do Peixe um local especial para as aves migratórias que promovem um espetáculo da natureza entre os meses de setembro e abril", afirmou Danielle.
O PAN foi elaborado em dezembro de 2012 com o objetivo de ampliar e assegurar a proteção efetiva dos habitats críticos para as aves limícolas. Os planos fazem parte da estratégia do Programa Nacional de Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção (Pró-Espécies), instituído por portaria MMA, com o objetivo de desencadear ações de prevenção, conservação, manejo e gestão, e minimizar as ameaças e riscos de extinção de espécies.
CONVENÇÃO
A data do evento coincide com o período de realização da 12ª Conferência das Partes da Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS/COP 12), que ocorre de 23 a 28 de outubro, em Manila, Filipinas.
O Brasil vai atuar pela primeira vez como país-parte da Convenção, promulgada no país em junho. Na ocasião, o Ministério do Meio Ambiente, ponto focal da CMS no Brasil, levará o apoio à criação de uma força-tarefa sobre as aves migratórias e as rotas de migração das Américas, como um dos itens na pauta de interesses do país.
"O Brasil participa de acordos e esforços internacionais para a conservação de aves limícolas migratórias e seus habitats por meio da CMS, da Convenção Ramsar para o desenvolvimento de áreas úmidas, da Rede Hemisférica de Reservas para Aves Limícolas (WHSRN) e da Iniciativa Pró Aves Limícolas na Rota Atlântica (AFSI)", lembrou Danielle Paludo.
GESTÃO
De acordo com o analista ambiental do ministério e ponto focal técnico da Convenção de Ramsar no Brasil, Maurício Pompeu, a gestão do Parque Nacional da Lagoa do Peixe tem demonstrado o compromisso com a conservação das singulares áreas úmidas que conferiram o reconhecimento de Sítio Ramsar, ainda em 1993, à região.
No dia 10 de outubro, Maurício participou da 16ª Reunião Ordinária do Conselho Consultivo do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. "O Parque Nacional da Lagoa do Peixe foi designado como Sítio Ramsar por ser uma área de alimentação, abrigo e descanso para aves limícolas migratórias como o maçarico de papo vermelho (Calidris canutus). A participação do MMA na reunião do Conselho da unidade de conservação é mais uma iniciativa no sentido de manter o Sítio Ramsar em um lugar de destaque e exemplo de gestão", disse.
CENSO MIGRATÓRIO
O CEMAVE/ICMBio e o Parque Nacional da Lagoa do Peixe promoveram, em setembro, o primeiro de três censos de aves limícolas migratórias da temporada de invernada 2017/2018.
A contagem tem como objetivos estimar a abundância e monitorar a migração e o uso dos ambientes encontrados no Parque Nacional - lagoa, praias, campos inundados e secos - pelas limícolas.
O trabalho faz parte do projeto de monitoramento das aves migratórias em Unidades de Conservação Federais desenvolvido com fundos do GEF Mar/ICMBio e de acordo com o PAN para a Conservação das Aves Limícolas Migratórias.
"Saber quantas aves estão chegando a cada ano para invernar no Brasil, por quanto tempo ficam e como se distribuem nos considerados habitats críticos é importante para orientar os trabalhos de conservação. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe é sítio de importância internacional para as aves limícolas migratórias e o conhecimento gerado pelo projeto pode subsidiar medidas de gestão da unidade", afirmou Danielle.
O projeto prevê a realização de mais dois censos durante o período de invernada das aves no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, um no meio e outro no final do período, em abril.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA)
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