RACHEL BARDAWIL
A preocupação com a escassez hídrica e a busca por métodos, tecnologias e políticas que favoreçam o uso da água de forma racional levaram os ministérios do Meio Ambiente (MMA), das Cidades e da Integração Nacional a discutir o reúso da água no Brasil. No Seminário Nacional Projeto Reúso, realizado nesta semana em Brasília, especialistas debateram questões ligadas à avaliação preliminar do potencial de reúso de águas residuárias no país e temas como o quadro regulatório e os critérios de qualidade dos efluentes.
O secretário de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental (SRHQ) do MMA, Jair Tannús Júnior, destacou que os resultados do seminário contribuirão para aprimorar os projetos em curso sobre uso racional e reuso da água. “Seria uma proposta com caráter agregador e complementar. Ou seja, buscar a agregação dos subsídios resultantes destes projetos na área de uso racional e reúso de água e a complementação dessas informações geradas”, afirmou.
O reúso de água é o aproveitamento de um recurso hídrico existente – efluente sanitário purificado – para aplicações como irrigação, usos urbanos não potáveis, usos industriais ou recarga de aquíferos. Nesse contexto, um subprograma específico para a gestão de oferta, da ampliação, da racionalização e do reúso da água já foi incluído pelo Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).
ADEQUAÇÃO
O seminário reuniu representantes dos ministérios envolvidos, da Agência Nacional de Águas (ANA), de universidades, indústrias e outras instituições ligadas ao tema. O ex-presidente da International Water Association (IWA) e professor da Universidade de Michigan, Glen Daigger, afirmou que a água no planeta já é reutilizada naturalmente considerando o ciclo hidrológico. “Porém, é muito importante levar em conta a ideia da adequação ao propósito, que consiste na compatibilização da qualidade da água de reúso às aplicações pretendidas, possibilitando a reutilização da água de forma planejada e segura”, evidenciou o especialista.
O diretor do Departamento de Articulação Institucional da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA), Ernani Ciríaco, considerou o seminário como um importante meio de disseminação da proposta do reúso de água. “Fizemos várias oficinas de trabalho. Ainda há outras previstas. Pretendemos manter acesa essa discussão para tentar, de fato, implementar os resultados”, afirmou.
As atividades do seminário foram realizadas no Ministério das Cidades e no Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), com a apresentação de modelos de financiamentos nacionais e internacionais, tarifas e subsídios técnicos para o aperfeiçoamento do projeto.
O PROJETO REÚSO
O Projeto Reuso se insere no Programa de Desenvolvimento do Setor da Água (Interáguas), um acordo entre o Banco Mundial e o governo federal que visa a contribuir para o fortalecimento da capacidade de planejamento e gestão no setor água, especialmente nas regiões menos desenvolvidas do país. O projeto reúso é uma das estratégias sustentáveis para garantir segurança hídrica e para promover a conservação e redução de perdas de água, a despoluição, proteção e recuperação de bacias hidrográficas, o incremento do armazenamento de água superficial, a importação de água e a dessalinização.
O Interáguas conta com a participação do Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental (SRHQ) e da Agência Nacional de Águas (ANA), do Ministério das Cidades e do Ministério da Integração. O Programa é uma iniciativa do Ministério das Cidades, em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e tem por objetivo principal a proposição de um plano de ações para instituir uma política de reúso de efluente sanitário tratado no Brasil.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227
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