DA REDAÇÃO
Nesta semana, começou em Brasília a missão de avaliação do “Projeto Demonstrativo para o Gerenciamento de Chillers”, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e executado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O Fundo Multilateral para Implementação do Protocolo de Montreal (FML) enviou duas representantes ao Brasil com o objetivo de analisar os resultados do projeto com foco na substituição de equipamentos que contenham substâncias destrutivas à camada de ozônio.
As avaliadoras Angelica Domato, oficial de monitoramento do FML; e Marta Comte, consultora especialista em chiller, também visitam as cidades de Cuiabá (MT) e São Paulo (SP), onde foram realizados estudos de casos. A missão segue até sexta-feira (12/05).
Para Angelica Domato, a expectativa é usar a experiência brasileira para implementar outros projetos em outros países ou até mesmo no Brasil. “Como este é um projeto demonstrativo, é muito importante sabermos quais foram os desafios e os principais resultados da implementação”, afirmou.
MISSÃO
Na primeira reunião da missão, realizada na segunda-feira (08/05), em Brasília, o secretário de Mudança do Clima e Florestas do MMA, Everton Lucero, explicou que “o Protocolo de Montreal é tido como um acordo ambiental bem-sucedido ao longo de seus 30 anos de existência. Dentre os fatores que contribuíram para esse sucesso está, sem dúvida, o embasamento técnico e científico”.
O projeto de gerenciamento de chillers (sistemas de água gelada) foi projetado em 2005, mas iniciou suas atividades apenas em 2012. “Por começar a ser implementado sete anos depois, o projeto já não abordava a realidade do país, então ele precisou ser redesenhado e incluir, por exemplo, os HCFCs, pois, inicialmente estava prevista apenas a abordagem dos chillers com CFCs”, explicou a gerente de proteção da camada de ozônio do MMA, Magna Luduvice.
Hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) são substâncias nocivas à camada de ozônio e encontradas, principalmente, em equipamentos de refrigeração e ar condicionado e na produção de espumas. Assim como os clorofluorcarbonos (CFCs) que são substâncias artificiais usadas por muito tempo nas indústrias de refrigeração e ar condicionado, espumas, aerossóis e extintores de incêndio. Os CFC's também são gases de efeito estufa, ou seja, contribuem para o aquecimento global.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
O Projeto Demonstrativo para o Gerenciamento de Chillers também passou a abordar o retrocomissionamento. Consiste em um processo de qualificação do edifício, focado em garantir o conforto do usuário, e que traz, por conseqüência, a eficiência energética e a diminuição de custos para o edifício. Foram realizados quatro estudos de retrocomissionamento no âmbito do projeto, sendo dois em edifícios públicos (Cuiabá e Fortaleza) e dois em edifícios privados (São Paulo).
“Essa foi a primeira vez que a eficiência energética foi amplamente discutida em um projeto do Protocolo de Montreal”, destacou o coordenador regional para os projetos do Protocolo de Montreal pelo escritório do PNUD para a América Latina e o Caribe, Kasper Koefoef.
Para o especialista em chillers Tomaz Cleto, além da melhoria em eficiência energética e do sistema de ar-condicionado, uma das funções-chave do retrocomissionamento é capacitar a equipe de operações para manter esse sistema otimizado.
Também participaram da primeira reunião da missão o analista ambiental do MMA Frank Amorim; o especialista em chiller Maurício Rodrigues; e a gerente de projeto interina do PNUD Ana Paula Leal.
RESULTADOS
Para capacitar o setor, tanto em relação ao retrocomissionamento, quanto à substituição de CFC e HCFC em chillers, o projeto organizou três seminários internacionais: no Rio de Janeiro, em Fortaleza e em São Paulo. Os seminários foram centrados em três principais temas: fluidos refrigerantes, com ênfase em fluidos de baixo Potencial de Aquecimento Global (em inglês, Global Warming Potential); novas tecnologias de sistemas de água gelada, para reduzir consumo de energia; e aspectos operacionais e de manutenções.
Também foram realizados dois cursos técnicos, em Brasília e em São Paulo, com o objetivo de suprir a carência do mercado sobre informações técnicas para a substituição de substâncias danosas para a camada de ozônio em chillers. No total, cerca de 500 especialistas foram capacitados com os seminários e cursos técnicos. O projeto deixa como legado uma série de materiais técnicos sobre sistemas de água gelada, cujo material está disponível na página do Protocolo de Montreal no Brasil e do Ministério do Meio Ambiente.
“Quando somamos tudo o que foi implementado, percebemos que foi um projeto com um impacto significativo para o país”, concluiu Koefoef.
CONTEXTO
Aberto em 1987, o Protocolo de Montreal é um acordo multilateral em que 197 países se comprometem a eliminar gradativamente substâncias destruidoras da camada de ozônio. Entre elas, estão os CFCs e os HCFCs. A camada de ozônio serve como filtro à radiação ultravioleta do tipo B, que em excesso é nociva à saúde das pessoas, provocando câncer de pele, doenças oculares e com consequências negativas também para a fauna e flora. As substâncias destruidoras estão em praticamente todos os setores industriais, em equipamentos de refrigeração, ar-condicionado e em materiais que utilizam espumas de poliuretano e fazem parte do dia a dia das indústrias e dos cidadãos.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227/ 1311/ 1437
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