WALESKA BARBOSA
Quando a estudante brasiliense Ryla Stepka, 8 anos, decidiu cortar parte dos cabelos longos, a atitude pareceu corriqueira. Mas a motivação da criança foi doar os fios para ajudar pessoas portadoras de câncer. “Ela disse que preferia duas cabeças com cabelo a uma careca na rua”, conta Lana Guedes, mãe da menina e servidora do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Mais de dez centímetros dos cabelos de Ryla foram entregues à campanha Assessoria de Comunicação do ministério, que coordenou uma campanha por doação de fios e lenços durante o Outubro Rosa, mês de conscientização por diagnósticos precoces do câncer de mama e de incentivo ao autoexame.
Maria Eduarda Batista, 5 anos, pediu para a mãe, a servidora Alessandra Alcântara, para cortar o cabelo mais curto. “Sugeri que ela fizesse a doação para pessoas que perderam o cabelo porque estavam doentes”, lembra Alessandra. Maria Eduarda aceitou na mesma hora. O corte foi feito antes do início da campanha, mas a servidora conta que não sabia como fazer para doar, até que o Outubro Rosa começou e ela trouxe o cabelo da filha. “Ela vivia me perguntando se eu já tinha doado o cabelo dela. Até que consegui entregar na campanha do MMA”, destaca.
As mechas de Ryla e Maria Eduarda se juntaram a outras treze e a 24 lenços doados pelos servidores do MMA. “Aproveitando o Outubro Rosa, a proposta da área foi envolver o público interno numa campanha que deixasse um alerta. Além disso, nossa ideia foi permitir a todos uma reflexão sobre como podemos fazer a diferença com pequenos gestos”, explica a jornalista Marta Moraes.
A arrecadação foi entregue à Rede Feminina de Combate ao Câncer nesta sexta-feira (04/11). A instituição, com sede no Hospital de Base de Brasília, reúne duzentos voluntários que se revezam em turnos e equipes para atender pacientes oncológicos carentes. “Realizamos um atendimento assistencial e afetivo”, explica a psicóloga da Rede, Larissa Bezerra da Silva.
Para a profissional, ter a autoestima em dia é um fator decisivo para o bom andamento do tratamento do câncer de mama que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), atinge 58 mil mulheres a cada ano.
AJUDAR
Para a bióloga Hannah Barbosa, filha da servidora Gerusa Barbosa, saber que poderia fazer a diferença na vida de uma mulher num momento tão delicado foi o empurrão que faltava para ter coragem de se desfazer de 40 cm dos seus fios. “Minha mãe me falou da campanha e decidi não apenas cortar mas doar parte do meu cabelo. Estou feliz e realizada por saber que isso será muito importante na vida de alguém”, diz.
Os cabelos que chegam à Rede Feminina de Combate ao Câncer vão para as mãos de voluntários, responsáveis pela lavagem dos fios e pela confecção das perucas no projeto Oficina de Peruca. “Nosso custo é com shampoos e com a compra da rede que dá a base do trabalho”, explica Larissa.
Segundo ela, sem as doações a maior parte das mulheres atendidas pela Rede Feminina não teria como comprar o acessório. “Para nós, o custo é praticamente zero. Mas, pelo que sei, ser feita com fios humanos faz da peruca um artigo caro, que não teríamos condições de oferecer sem as doações”, reforça.
As perucas são distribuídas a cada dois meses. “Da última vez foram 57”, contabiliza Larissa. Só neste ano, 4 mil pessoas foram atendidas pela Rede Feminina. A instituição sem fins lucrativos recebe doações de alimentos, roupas, produtos de higiene, dinheiro e outros itens. “Estamos sempre precisando”, afirma.
SAIBA MAIS
Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227
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