Por Marta Moraes – Editor: Marco Moreira
Trinta crianças da Escola Classe 411 de Samambaia (EC 411), Região Administrativa de Brasília, ouviram atentas, durante aula de produção de papel artesanal, realizada nesta quinta-feira (10/09), as orientações da engenheira florestal Thayze Cavicchioli, monitora da ONG Mão na Terra.
“Escrevam em um papel coisas que vocês gostam e que não gostam. Depois vamos bater todos os papéis no liquidificador junto com água. A vida da gente só tem coisa boa? A vida da gente só tem coisa ruim? Não. Quando batermos tudo para produzir o papel artesanal, vamos ter um equilíbrio. Assim como na vida, na natureza também é preciso equilíbrio”, ensinou ela.
Foi de modo lúdico, divertido, participativo e inspirador, que a ONG coordenou mais uma atividade de educação ambiental. Parceira do Ministério do Meio Ambiente (MMA) com a Sala Verde Mão na Terra, localizada no sítio Geranium (em Samambaia), a instituição existe há mais de dez anos e, desde a sua criação, vem promovendo inúmeras ações nessa região, em Taguatinga e Ceilândia. Durante as atividades de educação ambiental, os monitores costumam levar para as escolas publicações distribuídas pelo programa Sala Verde, do MMA.
CONHECIMENTO
A Sala Verde da ONG existe desde 2008 e tem como objetivo compartilhar com as comunidades próximas, informações e conhecimentos sobre meio ambiente, em parceria com o sítio que é referência em agroecologia. A sala é um espaço aberto de formação e informação ambiental, com acervo doado MMA e pela comunidade.
Parceira do Sítio Geranium, a ONG oferece à comunidade escolar práticas agroecológicas vivenciais. O objetivo é possibilitar a compreensão da responsabilidade individual e coletiva sobre a preservação do meio ambiente, despertando novos valores educativos, sociais e ambientais.
A intenção é contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável, disseminando a consciência ambiental e cidadã no Distrito Federal e entorno, desenvolvendo projetos e disponibilizando informações e conhecimentos a respeito dos princípios e valores ligados à conservação dos recursos ambientais e da qualidade de vida na região.
APRENDIZADO
Atualmente já são mais de dez escolas com hortas e agroflorestas implantadas, cerca de 5 mil visitas (de estudantes e pessoas da comunidade) por ano ao sítio, e mais de 5 mil alunos participando das atividades nas escolas (a ONG atua normalmente em quatro unidades por ano, trabalhando com cerca de 700 a 1.500 alunos por local).
O sítio é considerado uma referência em educação ambiental e no plantio de produtos orgânicos, com atividades de trilha ecológica; agroflorestal; minhocário; meliponário de abelhas nativas; sistema de captação e armazenamento das águas da chuva; sanitário compostável; semeadura; reciclagem; horta orgânica; conscientização ambiental; compostagem, entre outros equipamentos.
Além da aula de produção de papel artesanal, os alunos da Escola Classe 411 conheceram de perto como criar um minhocário, de que modo fazer a coleta seletiva do lixo, e como funciona a compostagem. Mais do que ouvir, eles colocaram a mão na massa.
O estudante Breno Oliveira, 12 anos, aprendeu bem a lição. “Conforme a gente vai participando dessas atividades, vai sabendo mais sobre o meio ambiente”, afirmou. “E o que aprendemos aqui é para a natureza, que vai ficar para a vida toda. Levamos para nossa família e nossos amigos o que aprendemos hoje, o que é bom para natureza e para todo mundo."
O voluntário da ONG Euri Monteiro, um dos responsáveis pela atividade, destacou que essas ações têm um papel importante, pois as crianças são mais abertas para coisas novas, mais receptivas a mudanças. “O público infantil não só aprende, como leva para casa, para os pais. A gente vê o que está acontecendo em São Paulo, uma cidade rica, produtora, vivendo uma crise histórica de falta de água. Ainda não estamos vivendo essa crise em Brasília, mas temos que nos conscientizar e nos prevenir. O retorno de conscientizarmos essa turma não virá agora, essa ação é para o homem de amanhã”, acrescentou.
A coordenadora de Educação Integral da EC 411, Almiralva Machado, ressaltou que a iniciativa costuma ter repercussão na própria escola. “Eles estão acostumados a ver a degradação do meio ambiente aí fora”, afirmou. "Trazer essa reflexão para dentro da escola é muito importante. Isso tem um impacto no próprio cuidado deles com o local onde estudam, com o patrimônio da escola.”
Os coordenadores vêm recebendo depoimentos de professores afirmando que a violência e a depredação na escola diminuem, os alunos se engajam e se integram mais, e as atividades auxiliam em mais um eixo pedagógico para os professores trabalharem.
INDO ALÉM
Não é só nos alunos que a ONG vem investindo. A instituição também faz atividades voltadas para a formação de professores e coordenadores. A ideia é trabalhar com a comunidade escolar a sensibilização ecológica nas escolas, numa perspectiva transversal aos currículos formais, por meio de atividades como recuperação de áreas degradadas; tratamento e destinação correta do lixo; plantio ecológico de hortaliças, ervas medicinais e aromáticas.
O ponto de partida para a atuação da Mão na Terra é sempre o saber dos educandos. “Acreditamos que todos possuem uma bagagem de vida e experiência que constrói significados a partir de múltiplas interações. O papel do educador, nesse processo, é mediar essas experiências de aprendizagem, onde todos podem duvidar, questionar, opinar, assumir responsabilidades e, assim, contribuir para a construção do saber”, destaca Maria Abadia, voluntária da ONG e ex-presidente da instituição. “Nosso papel é sensibilizar e fomentar o princípio da Sala Verde, que é de formação e informação ambiental”.
Ainda no mesmo dia, a equipe da ONG partiu para outra atividade, dessa vez na Escola Classe 407 de Samambaia, onde realizaram a produção de um minhocário, com atividades de compostagem, com 60 crianças da escola.
DIA DO CERRADO
Para celebrar o Dia do Cerrado, comemorado nesta sexta-feira (11/09), a ONG realizou, no parque Três Marias, localizado em frente às quadras 409/411 de Samambaia, de hoje (11) a domingo (13), inúmeras atividades voltadas para a comunidade. Na agenda: apresentações culturais de música, poesia e teatro; contação de histórias; compostagem; artesanato com pet e materiais reciclados; oficinas de fotografia, dança, hortas urbanas e plantio de ervas medicinais; reciclagem de lixo; ehorta em garrafa pet.
A data tem como intuito ressaltar a importância do bioma para o Brasil e lembrar os desafios que o país tem pela frente. De um modo geral, a população não conhece a riqueza potencial de uma região como o cerrado. Segundo dados do MMA, o cerrado abriga 330 mil espécies de plantas e animais, sendo 837 de aves, 120 de répteis, 150 de anfíbios, 1,2 mil de peixes e 90 mil de insetos, além de 199 tipos de mamíferos. Com isso, o bioma é lar de 5% de todas as espécies do mundo e comprime 30% da biodiversidade brasileira. Segundo maior ecossistema brasileiro, o Cerrado é considerado berço das águas, contribuindo para o abastecimento e a manutenção da biodiversidade.
É ainda o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, 22% do território nacional. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas.
Além dos aspectos ambientais, tem grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) - (61) 2028.1165
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