Agência Meio Ambiente (22/10) - O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, defendeu ontem que os países em desenvolvimento que apresentarem programas de preservação ambiental recebam, como bônus, descontos em suas dívidas externas. Na opinião de Sarney Filho, há um sentimento comum de que a preservação ambiental seja levada em conta nas renegociações das dívidas dos países em desenvolvimento. Ele informou que uma proposta nesse sentido será discutida no Foro de Ministros da América Latina e Caribe, que está sendo realizado no Rio de Janeiro, e que poderá constar do documento final do encontro. "É lógico que nem tudo que o Brasil defende constará do documento final, mas nós vamos colocar a questão com muita ênfase", garantiu.
Ele afirmou, ainda, que o Brasil precisa de investimentos da ordem de, pelo menos, US$ 50 bilhões nos próximos 10 anos para implementar processos de desenvolvimento sustentável e garantir a inclusão social da população. Segundo ele, é importante que se tenha noção de que o modelo de desenvolvimento adotado no Brasil resultou numa alta concentração de renda e grande dano ambiental. "Nosso grande desafio é reverter esse modelo", disse.
Para o ministro, os biomas brasileiros devem ser utilizados não como fronteiras agrícolas, mas sim para promover maior justiça social e desenvolvimento sustentável com alternativas econômicas que englobem o ecoturismo e o agroextrativismo. O exemplo disso, explicou, são as negociações para a atualização do Código Florestal,em que o governo sustenta a preservação de 80% da área de propriedades da Amazônia como reserva legal.
Segundo o ministro, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é um instrumento adequado para que os países desenvolvidos possam cumprir suas metas em relação aos países em desenvolvimento. Ele afirmou que, dentro das regras do MDL, o Brasil vai oferecer um portfólio de oportunidades nas áreas de energia e florestas. O ministro informou que já foi iniciada uma ação efetiva, com a entrega de propostas em fóruns empresarias na Alemanha e Inglaterra.
O Brasil, segundo o ministro, está bastante avançado em relação à construção da Agenda 21, não só a nacional, mas também as locais e municipais. O ministro lembrou que por meio do programa Comunidade Ativa as discussões da Agenda 21 foram ampliadas para mais de 1000 municípios.
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