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Logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas no Brasil é referência mundial

O descarte adequado de aproximadamente 95% dos materiais garante campo limpo há quase duas décadas

O Brasil já pratica há alguns anos logística reversa em alguns setores industriais, ação para garantir o retorno à linha de produção de matérias-primas que seriam descartadas inadequadamente. A prática de devolução do produto ao fabricante no fim do ciclo para o descarte correto ou reciclagem já avançou em vários setores, como o de pneus, pilhas e baterias, eletroeletrônicos e óleo lubrificante usado. Mas um em específico é tão bem-sucedido que serve de exemplo há quase 20 anos ao mundo todo: a coleta e o reprocessamento de embalagens de defensivos agrícolas.

Os defensivos agrícolas são produtos químicos usados frequentemente na agricultura e, tanto seus resíduos quanto suas embalagens são perigosas ao meio ambiente, necessitando o descarte adequado. No Brasil, quem trata disso nacionalmente é o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), entidade sem fins lucrativos criada por fabricantes de defensivos agrícolas para atender às determinações da Lei federal nº 9.974/2000. Daí surgiu o Sistema Campo Limpo, ferramenta que coordena a destinação de todas as embalagens vazias do setor no país.

O núcleo de inteligência da Inpev está localizado em São Paulo e é responsável pela operacionalização da logística reversa das embalagens em todos os estados. De 2002 até aqui, o instituto já destinou corretamente mais de 555 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas. Segundo o secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), André França, o sucesso da coleta e reciclagem no setor é prova de que com regras e responsabilidades bem definidas se consegue uma gestão perfeita de resíduos.

“Essa coleta é feita há quase duas décadas e é referência para o mundo. Hoje, 94% das embalagens são coletadas e recicladas por meio do Sistema Campo Limpo. Desde o início as regras são claras e com isso você consegue ter um bom gerenciamento desse tipo de resíduo”, ressalta o secretário. “Não só evitamos que esse material vá para o meio ambiente como conseguimos gerar um menor consumo de novas matérias primas, posto que se aproveita a partir dessas embalagens para fazer novas embalagens de defensivos.”

Referência – O Inpev entrou em funcionamento em março de 2002, quando começou a manejar as responsabilidades compartilhadas entre todos os agentes da produção agrícola, tais como agricultores, canais de distribuição e cooperativas e indústria. A capilaridade das ações e a excelência na articulação entre os diferentes agentes da cadeia produtiva é o que faz do Brasil uma referência mundial. O segundo melhor desempenho no mundo é o da França, onde a destinação não passa de 77%; seguida do Canadá, com 73%.

Perigo evitado – Se Brasil e França tratam bem os rejeitos de defensivos agrícolas, outros países correm risco, como é o caso dos Estados Unidos, que estão apenas em nono no ranking, destinando apenas 33% das embalagens. Sem a gestão e destinação adequada, certamente há impacto ambiental. Quando as embalagens são abandonadas no ambiente, ou descartadas inadequadamente, podem contaminar o solo, as águas superficiais e os lençóis freáticos. Há ainda o problema da reutilização sem critério das embalagens, que coloca em risco a saúde de animais e pessoas.

Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), em 1999, 50% das embalagens vazias de defensivos agrícolas no Brasil naquela época eram doadas ou vendidas sem qualquer controle. Cerca de 25% tinham como destino a queima a céu aberto, 10% ficavam armazenadas ao relento e 15% eram simplesmente abandonadas no campo.

Além de empregar mais de 1.500 pessoas direta e indiretamente, o Sistema Campo Limpo garante a destinação adequada às embalagens de defensivos agrícolas. De todas as embalagens coletadas nos 411 postos e centrais de recebimento, 94% vão para a reciclagem. Isso gera uma economia em energia suficiente para abastecer 4 milhões de casas durante um ano. Um ótimo exemplo para qualquer outro setor do mercado.

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