SOPHIA GEBRIM (*)
O Mutirão Bolsa Verde, lançado na última quarta-feira (17/07), já cadastrou 700 famílias no município de São Sebastião da Boa Vista. Outras três grandes áreas estão recebendo a visita de representantes do governo federal e prefeituras, para localizar possíveis beneficiários do programa no Pará: Breves, Portel e Curralinho. O benefício remunera com R$ 300, pago a cada três meses, famílias de ribeirinhos, assentados e extrativistas que vivem em áreas de preservação ambiental e promovem o uso sustentável dos recursos naturais.
Durante os cinco primeiros dias na região de São Sebastião da Boa Vista, das 700 famílias cadastradas, 105 estavam localizadas na Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba e as outras 595 habitam assentamentos ambientalmente diferenciados da região às margens do Rio Pracuúba Grande. A analista ambiental do Departamento de Extrativismo da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente Ana Paula Nakamura acompanhou a visita e a expectativa das comunidades aguardando a chegada do Mutirão. “Ao chegar nos pontos de apoio, a nossa equipe monta um posto de atendimento, normalmente em galpões, e recebemos moradores de todas as proximidades, ansiosos para fazer o cadastro no programa”, afirma.
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Porto Estância, Resex Terra Grande Pracauúba: falta de energia elétrica prejudica comunidade |
A representante do MMA aborda a necessidade de melhorias na infraestrutura local. “A maioria das famílias no Marajó não têm energia elétrica, o que é um gargalo para a comercialização do açaí em polpa ao invés de in natura”, explica. “Porém, essas e outras demandas estão sendo discutidas no Plano Nacional de Fortalecimento do Extrativismo e Plano Nacional de Promoção da Sociobiodiversidade, que representam estratégias de transição e complementação dos benefícios já alcançados com a Bolsa Verde.”
EXTRATIVISTAS
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Ana Nakamura (D) Leidiani: promessa de explorar sem destruir |
Ana Silva, outra extrativista da região, que também vive do açaí, consegue o sustento de toda a família com a confecção das cestas e produção do açaí, além da pequena roça onde planta alimentos para subsistência. “Fazemos uma média de 15 cestas por dia, já teve época de alta temporada que produzimos 200 cestas em apenas 10 dias”, garante. Ela também conta que o trabalho de recolher as folhas no mato, para fazer a cesta, é algo perigoso e que requer cuidado. “Não podemos sair ao entardecer ou muito cedo pois corremos o risco de encontrar cobras e outros animais perigosos”, explica. Para Ana, o trabalho e cuidado com o meio ambiente é reforçado por meio do benefício: “Sabemos que esse dinheiro a mais é para continuar cuidando da nossa terra”.
MUTIRÃO
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Ana Silva: cestas a R$ 2 |
O mutirão prevê a saída simultânea de vários barcos que partirão em busca das comunidades, em diferentes etapas, para atender os municípios da região de Santarém, Marajó, Salgado Paraense, Porto de Moz, Gurupá, Afuá, Baixo Tocantins e Soure. Com início no último dia 17 de julho, terá a seguinte duração: Santarém fase A (30 dias), Santarém fase B (34 dias), Marajó fase Portel (20 dias), Marajó fase São Sebastião da Boa Vista (20 dias), Marajó fase Breves (20 dias) e Marajó fase Curralinho (20 dias).
(*) Com Paulo de Araújo