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As mulheres e o tempo

Publicado: Quinta, 18 Outubro 2012 15:27 Última modificação: Sexta, 19 Outubro 2012 16:24
Crédito: Martim Garcia/MMA Samyra (D): herança da sociedade ocidental Samyra (D): herança da sociedade ocidental
Secretária do MMA fala sobre a relação do trabalho não remunerado com a nova dinâmica da sustentabilidade

Letícia Verdi

O uso do tempo e as políticas públicas com foco nas mulheres. Esse é o tema do Seminário “Uso do tempo e políticas públicas de cuidado: reflexões para uma agenda de desenvolvimento sustentável”, que começou nesta quinta-feira (18/10) e segue até amanhã (19/10), em Brasília. Em participação na primeira mesa, a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo, fez exposição do tema sob o ponto de vista ambientalista.

O seminário foi organizado pela Secretaria de Política para as Mulheres (SPM) a partir dos primeiros resultados da pesquisa piloto sobre uso do tempo, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2011. Segundo o estudo, as mulheres são as mais penalizadas pela dupla jornada de trabalho. A atividade doméstica começa cedo, quando a mulher ainda é menina, e não é equalizado com o tempo dedicado aos estudos. As relações entre gênero, trabalho reprodutivo e desenvolvimento sustentável integraram a agenda feminista na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Durante a exposição, a secretária partiu do princípio de que o ambientalismo, “ideologia e militância que foi e é fundamental nas formulações sobre sustentabilidade”, tem uma visão distinta da questão colocada pelo movimento feminista. “O ambientalismo se divide em duas correntes, uma mais holística, que resiste à precificação de todas as coisas e objetos; e outra mais pragmática, que precifica os recursos escassos, para que não haja desperdício nem uso predatório”, disse. Na primeira corrente, o tempo é considerado um bem associado ao princípio maior da liberdade e da realização da pessoa. “Nem todo o tempo deve ser apropriado pela esfera econômica: há o tempo da natureza, da regeneração, da contemplação e da fruição”, explicou.

ECONOMIA DE CUIDADOS

Samyra Crespo atribuiu o fato da "economia dos cuidados" (cuidar de velhos, doentes, crianças órfãs, etc) não ser remunerada de forma justa a uma herança histórica das sociedades ocidentais e latinas, que, no passado, inseriram esses trabalhos na esfera do voluntariado, da missão religiosa ou humanitária. “Esse pensamento gera uma resistência à remuneração justa por certos trabalhos”, explicou. “Na minha visão, o trabalho não remunerado não pode ser reduzido ao trabalho doméstico invisível”.

Ao final, ela convidou os presentes a uma reflexão sobre o trabalho solidário e voluntário não pago pela comunidade. “Em síntese, a questão do uso do tempo não pode ser reduzida a uma discussão sobre o tempo utilizado na força de trabalho, no papel produtivo dos indivíduos homens ou mulheres”, concluiu.

O seminário é uma parceria da SPM com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e com o apoio do Comitê Técnico de Estudos de Gênero e Uso do Tempo (CGUT). Participam representantes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do escritório Brasil da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Entidade das Nações Unidas para a
Igualdade de gênero e Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres).



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