Carlos Américo
O projeto Roça sem Queimar completa 11 anos levando alternativas sustentáveis ao uso do fogo nas propriedades dos municípios paraenses da região da BR Transamazônica. Com apoio do Ministério do Meio Ambiente, o projeto agora entra em uma nova fase: criar alternativas para a recomposição florestal, aliando preservação ambiental com a produção de alimentos e geração de renda.
O Subprograma Projetos Demonstrativos (PDA/MMA) está investindo R$ 427 mil no chamado Roça III, nos municípios de Medicilândia e Brasil Novo, maiores produtores de cacau do Pará. O projeto será desenvolvido pelos sindicatos de trabalhadores rurais dos dois municípios, em parceria com a Embrapa, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Universidade Federal do Estado do Pará e Emater.
Com base na dinâmica da floresta, o objetivo do Roça III é plantar na mesma área espécies agrícolas junto com castanheira, seringueira, açaizeiro, cacaueiro e laranjeira, aproveitando o potencial extrativista dessas espécies. "Dessa forma, criamos o ambiente propício para essas espécies, onde cada árvore tem seu papel, assim como na floresta", explica o técnico agrícola Francisco Monteiro, um dos idealizadores do projeto. "Sem o uso do fogo, protegemos o solo, e a vegetação da área do roçado vira adubo, o que serve como controle biológico, evitando pragas", completa.
O Roça III começou a ser colocado em prática no final de 2010, quando foram plantadas mais de 100 mil mudas de espécies florestais e agrícolas. Elas foram plantadas em um hectare de 60 fazendas selecionadas em Medicilândia e Brasil Novo. Com base em princípios agroecológicos, o Roça sem Queimar substituiu os usos de insumos químicos e do fogo na propriedade.
Além da redução do desmatamento, o projeto incentiva a recomposição do passivo ambiental e promove a regularização ambiental das propriedades da agricultura familiar. As famílias participantes do Roça sem Queimar recebem as mudas e, uma vez por mês, a visita de técnicos.
Inovação - O PDA financia iniciativas inovadoras que podem ser replicadas em outras localidades. No caso do Roça III, a ideia é disseminar a experiência nos municípios alvo da Operação Arco Verde, que busca alternativas sustentáveis para os 43 municípios onde foram registrados os maiores índices de desmatamento em 2008.
O resultado do projeto também será colocado em um manual de boas práticas. Duas mil cartilhas serão distribuídas para agricultores, entidades de ensino, pesquisa, extensão rural e de crédito. O Roça III termina no primeiro semestre de 2012.
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