Paulenir Constâncio
O ar solene da Sessão Especial para comemoração da Semana do Meio Ambiente no Congresso deu lugar nesta terça-feira (07/06) ao encanto de um grupo de 200 alunos de duas escolas de Brasília. Eles ocuparam metade do Plenário da Câmara, cantaram e encantaram, alheios aos discursos dos parlamentares que se revezavam na tribuna em defesa da questão ambiental.
A presença do cantor e compositor Guilherme Arantes que tocou Planeta Água, um de seus maiores sucessos, acompanhado das crianças da Escola das Nações, contribuiu para a leveza das comemorações. A Escola Classe 67 de Ceilândia marcou a presença do ensino público na sessão.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a primeira a falar na sessão realizada pela manhã, comentou a oportunidade de se debater a questão ambiental tendo uma plateia repleta de crianças. "É para eles que temos que pensar o meio ambiente", disse.
A deputada Rebecca Garcia (PP/AM) elogiou a presença de crianças no plenário, ressaltando que "são elas que justificam essa batalha pelo Meio Ambiente".
Aos parlamentares, a ministra falou da importância da convergência e do diálogo político, das agendas temáticas e técnicas. Lembrou que o País é uma das mais importantes lideranças mundiais no debate ambiental, assume papel estratégico nas negociações internacionais e que não pode passar uma imagem de quem adota posturas conservadoras e práticas inaceitáveis.
Desde a primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente, a Rio 92, o Brasil mudou a concepção do mundo em torno das questões ambientais, lembrou a ministra. Para ela, voltar a discutir meio ambiente e desenvolvimento econômico como questões antagônicas é retroceder ao nível do debate em mais de quatro décadas.
Energia, segurança alimentar e qualidade de vida nas grandes cidades são os temas centrais da agenda ambiental atual, avalia Izabella. Ela pregou uma avaliação crítica da nova agenda que agora inclui desenvolvimento sustentável e competitividade. Lembrou que a maior parte dos brasileiros, 60%, está nas grandes cidades e dependem do meio ambiente e dos recursos naturais. Nem mesmo a Amazônia, segundo ela, escapa dessa realidade, já que 25 milhões de pessoas vivem nas grandes cidades da região. Ela defendeu a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada pelo Congresso e já em vigor como forma de solução para alguns dos problemas que mais afligem os centros urbanos.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, falou em seguida defendendo a transição do modelo econômico para uma nova economia verde. Segundo o parlamentar, é preciso a conscientização de que em muitos o lucro que vem da preservação do meio ambiente é muito maior que derrubar a floresta para desenvolver atividades agropecuárias. Lembrou, ainda, que não há desenvolvimento sustentável com pobreza, defendendo a integração entre os programas de combate à fome com os de preservação ambiental.
Já o deputado Sarney Filho (PV-MA) lembrou que o Dia do Meio Ambiente é um dia festivo, mas paradoxalmente não há o que comemorar. Lembrou a aprovação do substitutivo que alterou o Código Florestal pela Câmara e da medida provisória que dá incentivos fiscais para a construção de usinas nucleares, afirmando que em vez de avançar em termos de meio ambiente, a situação do país está piorando. Ele falou, porém, que espera que o Senado corrija os equívocos do projeto de lei.
Rebecca Garcia fez em seu discurso uma homenagem aos cinco líderes ambientalistas assassinados nos estados do Pará e Rondônia, pedindo providências na apuração e punição dos culpados.
Redes Sociais