Cristina Ávila
Peixe protegido por lei na Amazônia - o pirarucu - é anualmente capturado por quase 1.000 pescadores na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas. No ano passado, eles levaram para casa uma safra de 220 toneladas. A pesca é realizada com tantos cuidados com o meio ambiente que mereceu prêmio internacional e foi apresentada como exemplo ao Comitê Nacional de Zonas Úmidas, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente.
A Reserva Mamirauá localiza-se em uma área de várzea na confluência dos rios Solimões e Japurá, faz parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) e é uma das 11 zonas úmidas brasileiras consideradas de importância internacional, chamadas de Sítios Ramsar.
A metodologia e resultados da pesca do pirarucu foi apresentada como parte da política promovida pelo Ministério do Meio Ambiente para a articulação dos profissionais que trabalham em cada um dos sítios. Em dezembro, eles participaram de um intercâmbio nacional, em que viajaram de uma região a outra, para ampliação do conhecimento sobre estratégias de conservação utilizadas em diferentes biomas do País.
"Os sítios começaram a se articular cada vez mais, a trocar experiências, a fazer valer a importância do título internacional como instrumento de preservação e de desenvolvimento", afirma Raoni Japiassu, do ICMBio, que representou o chefe dos 11 Ramsar (Fernando Tizianel) na oitava reunião ordinária do comitê coordenado pelo MMA, realizada em Brasília, na sexta-feira (15/4).
Um dos principais focos da pauta desse encontro foi a aprovação de uma minuta para a criação de uma comissão técnica que vai tratar de manguezais, que estão entre as principais zonas úmidas do Brasil.
"Esses tipos de áreas protegidas servem para beneficiar as populações que nelas vivem e manter o ecossistema em equilíbrio", observou a diretora de Áreas Protegidas, do MMA, Ana Paula Prates, que coordenou o encontro.
A exposição pelo sucesso da pesca do pirarucu foi feita pela bióloga Ellen Amaral, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), responsável pela atividade junto aos pescadores há 12 anos. Ela conta que nesse período eles passaram de 42 para 922 profissionais, e hoje cada um têm renda de aproximadamente R$ 1.000 a cada safra anual, que vai de setembro a novembro.
Apesar do grande crescimento do número de pescadores, o manejo dos criadouros naturais garante a reprodução dos peixes. São capturados apenas 20 a 30% dos adultos, com tamanho mínimo de 1,5 metro, que atingem com cerca de 4 a 5 anos de idade. As regras foram adotadas depois de organizada a co-gestão entre a comunidade que vive na reserva e os profissionais do Instituto Mamirauá.
O trabalho mereceu o primeiro lugar na Premiação Gestão Sustentável de Sítios Ramsar nas Américas, em solenidade no México, em fevereiro. A Convenção Ramsar foi ratificada pelo Brasil em 1996 e foi assinada por 160 Países, em um total de 1912 áreas úmidas no mundo.
Sítios Ramsar brasileiros
- Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (MA);
- Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses (MA);
- Parque Nacional do Pantanal Matogrossense (MT);
- Parque Nacional do Araguaia (TO);
- Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (BA);
- Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS);
- Parque Estadual do Rio Doce (MG);
- Parque Estadual Marinho do Parcel do Manoel Luíz (MA);
- Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM);
- Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda do Rio Negro (MS);
- Reserva Particular do Patrimônio Natural do Sesc Pantanal (MT).
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