O desmatamento na Amazônia Legal voltou a cair pelo segundo ano consecutivo, registrando a menor área desmatada dos últimos 23 anos, desde que o monitoramento passou a ser feito via satélite, em 1988. Os 6,4 mil Km², estimados pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), para o período de agosto de 2009 a julho de 2010, antecipam as metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Mudanças Climática em cinco anos.
Esses dados serão apresentados na COP-16, em Cancún, no México, na semana que vem, e credenciam o Brasil a elevar o tom nas negociações internacionais em torno da redução de emissões.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse, em cerimônia realizada nesta quarta-feira (1/12), no Palácio do Planalto, onde foram anunciados os novos números, que o Brasil inverteu seu papel nas negociações internacionais. Segundo ele, o País era cobrado e agora tem o que mostrar em termos de taxas de desmatamento e redução de emissões, enquanto os países desenvolvidos não apresentam reduções e, ainda, emperram as negociações na Convenção.
Para a ministra Izabella Teixeira, a nova queda nas taxas de desmatamento é "o coroamento da política ambiental do Governo". Ela lembrou que em oito anos aumentou significativamente o percentual de áreas protegidas na Amazônia. Lembrou, ainda, que foram firmadas sólidas parcerias com vários setores da sociedade, como parte de uma mudança de patamar na agenda ambiental. Para ela, a preservação ambiental "não é prerrogativa do Ministério do Meio Ambiente, mas um dever de todos".
"É um orgulho entregarmos o governo com uma queda nas taxas de desmatamento expressiva", avaliou. Ela reafirmou que "o mundo precisa dar uma resposta a altura do Brasil", referindo-se às negociações em curso em Cancún. "São números absolutamente fantásticos", comemorou Izabella.
Já o presidente, no mesmo tom, afirmou que não basta fazer política de desmatamento em Brasília, "é preciso levar isso para a prática". Lula lembrou uma das frases que marcaram a trajetória de Chico Mendes: "o melhor jeito de cuidar da floresta é cuidar da gente que mora na floresta".
A queda do desmatamento, medida pelo Prodes, registra o corte raso, etapa final do desflorestamento, em áreas maiores de 6,55 hectares. Em relação ao período anterior, a queda foi de 13,6%. Entre agosto de 2008 e julho de 2009 o monitoramento havia registrado 7,4 mil hectares desmatados.
A trajetória de redução é atribuída pelo Diretor do Departamento de Combate e Controle do Desmatamento, Mauro Pires, à ação Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), integrado por 14 ministérios e coordenado pela Casa Civil.
O desmatamento caiu em sete dos nove estados da Amazônia Legal, faltando ainda a consolidação dos dados anuais do Amapá e Roraima. O Pará, que também registrou queda nas taxas de desmatamento, foi o estado que mais desmatou no período, chegando a 3,7 mil km2. Acre e Amazonas tiveram aumento na taxa: Acre aumentou de 216 KM2 para 273 Km2 a área desmatada. Amazonas de 405 Km2 para 474 Km2.
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