Conhecida pelo clima seco e pela pobreza da população, a região do semiárido brasileiro é rica em biodiversidade e tem potencial econômico. Por isso, o Governo Federal trabalha na criação do MacroZoneamento Ecológico Econômico (MacroZEE) do Nordeste, com o objetivo de melhorar a convivência da população no semiárido e inserir um modelo de produção sustentável na região, que sofre com o processo de desertificação.
"Vamos estabelecer diretrizes para o desenvolvimento sustentável. É possível viver bem aquela realidade, com os recursos naturais disponíveis e com a força social", explicou Roberto Vizentin, diretor de Zoneamento Territorial, do Ministério do Meio Ambiente. Mais de 30 milhões de pessoas moram naquela região - conhecida como o semiárido mais habitado no mundo.
Desertificação é um dos temas chaves na elaboração do MacroZEE do Brasil. Ações e políticas de combate e adaptação à desertificação serão debatidas por representantes de mais de 90 países, que estarão em Fortaleza (CE), de 16 a 20 de agosto, na segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID 2010).
A maior parte do semiárido está na caatinga. Seus 1.482 municípios estão entre os mais pobres do país, além de serem afetados diretamente pela desertificação, segundo dados do Programa Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil).
O MacroZEE do Nordeste vai definir políticas de desenvolvimento para o futuro, com melhoria de vida permanente. "A recuperação da fertilidade dos solos e a implantação de sistemas de produção adequado são questões básicas para o crescimento econômico da região", afirma Vizentin.
Com grande potencial de energia de biomassa, o manejo florestal sustentável, com a recomposição da cobertura florestal, é uma das alternativas econômica e ecológica para melhorar a qualidade de vida da população. Com uso sustentável, árvores podem ser usadas tanto para fins madeireiros quanto para uso diversos, como alimentação e remédio.
A falta de água é outro problema da região. Iniciativas de sucesso serão ampliadas para assegurar o abastecimento de água para a população, com a instalação de poços e cisternas que garantam água para consumo e produção. O programa Água Doce, do MMA, vai garantir água potável para mais de 2 milhões de pessoas que vivem em áreas suscetíveis à desertificação.
O Observatório do Semiárido orientará os conhecimentos científicos e populares para enfrentar o desafio da convivência do semiárido. Nos próximos meses, o MMA vai publicar portaria criando grupo de trabalho para integrar os ZEEs estaduais e elaborar o MacroZEE do Nordeste. O GT terá a participação de representantes dos nove estados do Nordeste e de Minas Gerais e Espírito Santo, estados que também possuem regiões semiáridas.
Participam das discussões sobre o ZEE e o combate à desertificação o Ministério do Meio Ambiente, Embrapa, Agência Nacional de Águas, universidades, organizações da sociedade civil, Instituto Nacional do Semiárido, pontos focais do PAN-Brasil, entre outros.
O consórcio ZEE Brasil vai utilizar as experiências da elaboração do MacroZEE da Amazônia Legal para criar o documento do Nordeste. "Agora ampliamos a ação do ZEE no Nordeste do Brasil. Isso é um novo olhar para a região, tão importante quanto a Amazônia, com destaques para a caatinga e desertificação", ressalta Vizentin.
Na próxima segunda-feira (09/08), será realizada a primeira reunião da Comissão Nacional do PAN-Brasil. Na ocasião, será dada posse para representantes da sociedade civil que compõe a comissão.
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MacroZEE do Nordeste vai melhorar convivência da população no semiárido
Carlos Américo
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