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Serviço Florestal e quilombolas constroem plano de negócios para a castanha

Comunidades do Alto Trombetas (PA) vão receber apoio para tornar a cadeia produtiva mais eficiente e, assim, melhorar a renda dos 2 mil moradores
Publicado: Quarta, 16 Dezembro 2009 22:00 Última modificação: Quarta, 16 Dezembro 2009 22:00
Aumentar a renda das comunidades quilombolas da região do Alto Trombetas (PA) que tiram seu sustento da comercialização da castanha é o principal objetivo de um plano de negócios que o Serviço Florestal Brasileiro discute até sexta-feira (18) com duas associações da região.

"A ideia é identificar os gargalos para colocar a produção no mercado com mais valor, além de ter uma estrutura de gestão gerida por eles mesmos", afirma a gerente de Florestas Comunitárias do Serviço Florestal, Márcia Muchagata. O Serviço Florestal é responsável pelo apoio a essa cadeia produtiva pelo Plano Nacional de Produtos da Sociobiodiversidade.

Os moradores do Alto Trombetas vendem a produção em caixas de 42 litros, com capacidade para 30kg de castanha com casca, ao preço de R$ 22, mas esperam que com uma melhor organização da cadeia produtiva seja possível extrair mais castanha e obter um melhor preço de venda.

"Temos um bom potencial de castanha, mas por falta de recursos para ir a todo lugar onde elas estão, ou seja, de logística para chegar nas áreas, nós temos uma renda menor", diz o presidente da Associação dos Moradores da Comunidade Quilombos de Cachoeira Porteira (Amocrec), Ivanildo Carmo de Souza. Em toda a região, cerca de 2 mil quilombolas vivem da venda da castanha.

Souza explica que os comunitários conseguem chegar somente aos castanhais localizados até o km 31 da estrada de chão que segue paralela ao rio Trombetas. Embora haja bons locais de coleta até o km 72, onde termina a estrada, o acesso difícil torna a relação custo-benefício desvantajosa. Outro desafio é reduzir o custo de transporte da castanha para Oriximiná, a 150 km de Santarém.

Elaboração - O plano de negócios será construído em conjunto pelo Serviço Florestal, por meio do Centro de Apoio aos Microempreendedores, e pelos quilombolas, e deve ficar pronto em cinco meses. "Eu acredito que vai o plano de negócios para ser bom para nós, pode melhorar a qualidade de vida da comunidade. Acho que vai ser válido, estou confiando", diz Souza.

O trabalho, que tem o apoio da Cooperação Técnica Alemã (GTZ), vai envolver a caracterização do negócio, estudos de análise de mercado e de competitividade, elaboração de plano operacional, financeiro e de marketing e proposta de organização de empresa. Além da Amocrec, a atividade envolve a Cooperativa Mista Extrativista dos Quilombolas do Município de Oriximiná.

Para o técnico da Gerência de Florestas Comunitárias, Fernando Ambrozio, que acompanha a atividade, a ação ajudará a construir a capacidade de fortalecimento da comunidade, para que eles próprios produzam e comercializem produtos florestais de forma autônoma. "São populações que vivem muito isoladas, que passam a receber atenção do Estado. É um processo de inclusão social".


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