Carlos Américo
O desmatamento da Amazônia caiu 32% em setembro deste ano em comparação ao mesmo mês do ano passado. Com 82% da área sem a presença de nuvens, a maior visibilidade dos últimos dois anos para o mês, o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrou 400 km² desmatados, contra 587 km² do ano passado. É o menor índice registrado pelo sistema desde 2004.
No acumulado do ano, o desmatamento da Amazônia, de janeiro a setembro, caiu pela metade, em relação ao mesmo período de 2008. Neste ano, foram desmatados 2.855 km², 54% a menos que nos mesmos meses do ano passado (6.262 km²). "É uma queda expressiva, consistente e continuada, que se deve a muito trabalho", destacou o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, em entrevista coletiva para comentar os dados do Inpe.
Ele afirmou que a redução nos índices de desmatamento é resultado do trabalho de inteligência da Comissão Interministerial de Combate aos Crimes e Infrações Ambientais (Ciccia), que se reúne toda semana para discutir ações para reprimir os crimes ambientais, e das alternativas sustentáveis de produção que estão sendo implementadas na Amazônia por meio da Operação Arco Verde.
"O Brasil vive um momento importante, com as ações de repressão junto com a operação Arco Verde, que leva alternativas de trabalho, para que o povo possa viver bem e com dignidade", disse o ministro.
O Mato Grosso foi o estado em que foi registrada a maior área desmatada, com 134 km², seguido do Pará (133 km²) e Rondônia (71 km²). Dos nove estados da Amazônia Legal, apenas Acre, Pará e Roraima registraram uma alta no desmatamento, comparado com o ano passado, com pequeno aumento de 1km², 6 km² e 7 km², respectivamente.
Os outros estados tiveram uma queda acentuada. Apesar de liderar o ranking do desmatamento em setembro, Mato Grosso registrou uma queda de 38%, em relação ao ano passado. O Maranhão teve a maior redução (86%). Segundo Minc, o número maranhense caiu depois das ações do MMA juntamente com órgãos parceiros, que trabalharam diretamente na área com forte desmatamento.
Minc reiterou que este ano o país terá a menor taxa de desmatamento dos últimos 20 anos e a tendência de queda vai continuar. Se nós não acreditássemos na queda do desmatamento, o presidente Lula não teria anunciado uma redução do desmatamento de 80% até 2020. Esse já é um compromisso do país, afirmou o ministro.
Tal redução terá como base a média de 1996 a 2005, que é de 19.500 km². Sendo assim, em 2020, o desmatamento deve cair para menos de 4 mil km². Para atingir essa meta, Minc explicou que é preciso mais gente, mais recursos e equipamentos, além de apoio dos estados e alternativas de trabalho com o uso de novas tecnologias.
Minc afirmou ainda que apesar da queda, não está feliz com os números do desmatamento. Melhor estar caindo do que subindo, mas eu não comemoro queda do desmatamento porque eu acredito no desmatamento zero.
Fiscalização - Em setembro, os fiscais do Ibama identificaram 43 planos de manejos, em Rondônia, que eram utilizados para "esquentar" madeira ilegal. Minc explicou que documentos emitidos por empresas que detinham esses planos de manejo eram apresentados aos fiscais do Ibama para comprovar a origem da madeira. Entretanto, erros de coordenada da áreas levaram os fiscais a constatar que a madeira era ilegal e não pertencia às áreas indicadas.
Em um balanço das ações da Ciccia - composta pelo Ibama, Polícia Federal, Força Nacional e Agência Brasileira de Inteligência - o diretor de Proteção do Ibama, Luciano Evaristo, contou que uma área de 340 mil hectares foi embargada e interditadas 233 serrarias. Evaristo afirmou que todo o maquinário é lacrado e desmontado, para evitar que os criminosos continuem fazendo a atividade ilegal.
Foram expedidos 4.443 Autos de Infração, com total de R$ 1,4 bilhão em multas. Ainda foram apreendidos 82 mil m³ de tora e 73 mil m³ de madeira serradas, além de caminhões, tratores e barcos.
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