Carine Corrêa
Se todas as regiões metropolitanas do Brasil implementassem sistemas cicloviários integrados ao transporte púbico, seria possível reduzir a emissão de 1 milhão de toneladas de CO2 ao ano. Para estimular o uso de formas alternativas e menos poluentes de transporte, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, se juntou a cerca de 20 mil ciclistas - segundo estimativas de organizadores - que circularam neste domingo (20/9) pela orla do Rio de Janeiro, participando do projeto "Um dia sem carro".
O objetivo da ação é conscientizar e incentivar a população a diminuir o uso do automóvel e, assim, amenizar a poluição, evitar engarrafamentos e melhorar a qualidade de vida das pessoas. O passeio teve início em Niterói (RJ), onde a ação já é realizada há 19 anos. De lá os ciclistas pegaram a balsa para a Praça XV, no Rio de Janeiro - para dar o exemplo de um transporte alternativo que combina mais de uma modalidade (intermodal)-, e passaram pelo Aterro do Flamengo e por Botafogo até chegarem à Praia do Leme.
O ministro Minc disse que ações como essa são fundamentais para que haja uma mudança de comportamento das pessoas. "Além do engarrafamento, o uso excessivo do carro gera mais poluição e contribui para o aquecimento global. A situação exige uma nova postura de todos", ponderou. Ele defendeu a implementação de ciclovias, bicicletários e a integração desse sistema cicloviário às outras formas de transporte público.
O evento ciclístico é preparatório para o Dia Mundial sem Carro, ação que acontecerá em vários pontos do País e do mundo no próximo dia 22 de setembro. Este movimento foi idealizado na França na década de 1990, e vem conquistando a adesão de várias cidades importantes em países dos cinco continentes. No Brasil, o Dia Mundial sem Carro acontece desde 2005, e já é promovido nas capitais Florianópolis, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Também participaram da ação, pedalando pelos 15 quilômetros do trajeto, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, os secretários estaduais do Transporte, Júlio Lopes, e do Ambiente, Marilene Ramos, e a triatleta Fernanda Keller, madrinha do evento. O organizador da iniciativa, Cláudio Santos, ressaltou que o passeio é uma forma de alertar a população para os perigos do uso constante e excessivo do carro.
O ministro Márcio Fortes lembrou que as mesmas regras de trânsito aplicadas aos carros devem ser respeitadas e adotadas pelos ciclistas, como a proibição do álcool e o uso do celular. Júlio Lopes, secretário estadual de Transportes, disse que em todo o Brasil já existem vários municípios recebendo financiamento do Ministério das Cidades para a implantação de sistemas cicloviários. "A cada dia novos prefeitos estão aderindo à prática", constatou Lopes.
Segundo o presidente da ONG Transporte Alternativo, José Lobo, a sensibilização das pessoas é fundamental. Ele também criticou o uso frequente do carro, como por exemplo, em percursos de pequena distância. Lobo avalia que muitos motoristas utilizam seus veículos para irem a lugares próximos ou realizar tarefas que poderiam ser feitas a pé, de bicicleta ou mesmo de patins e skate. "Assim elas colaboram para um trânsito engarrafado e se esquecem que poderiam economizar muito mais tempo, além de melhorarem a saúde ao praticar uma atividade física".
O evento Um dia sem Carro faz parte da Semana Nacional de Trânsito e do Dia Internacional pela Paz. No Rio de Janeiro, durante o Dia Mundial sem Carro, será proibido estacionar em uma grande área do centro da cidade. No bairro de Copacabana, várias ruas terão a velocidade máxima restrita a 30 quilômetros por hora a partir de 22 de setembro. De acordo com organizadores do evento, as autoridades locais planejam a inclusão do evento no calendário oficial da capital fluminense.
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