Carine Corrêa
Vinte das maiores empresas do País anunciaram nesta terça-feira (25/8), em São Paulo, um acordo de vanguarda para estimular a redução das emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas globais. Companhias como a Aracruz Celulose, Light Centrais Elétricas, Grupo Pão de Açúcar, Vale e Votorantim, entre outras, são signatárias do pacto.
Na "Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas", as empresas participantes se comprometem a implementar ações para reduzir as emissões de CO² em suas atividades. O documento será encaminhado ao presidente Lula. Pela primeira vez, empresários de diferentes áreas do setor produtivo brasileiro apresentam ao governo uma proposta de redução de emissões.
De acordo com a carta, as empresas devem publicar inventários trienais de emissões de gases estufa; incluir estratégias de escolha de produtos e serviços que promovam a redução de CO²; buscar redução contínua de emissões e apoiar o mecanismo de Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação (REDD). Comprometem-se, ainda, a ter maior empenho em ações de adaptação em regiões com altos níveis de emissões.
A meta é promover uma economia de baixo carbono como alternativa para a crise. Na carta, as empresas também pedem ao governo a implementação e agilização de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e apoio para a criação de mecanismo de REDD. Defendem também que o Brasil assuma uma posição de liderança nas negociações da COP 15, em Copenhague.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participou do evento e disse que "os setores mais dinâmicos estão mostrando a cara e assumindo responsabilidades. Esta participação é fundamental para a redução das emissões no Brasil".
Segundo a avaliação do ministro Minc, o Brasil vai chegar na Dinamarca com os números de reduções de gases estufa em declínio. Ele declarou ainda que o "País está pronto para assumir uma posição de protagonismo na Conferência de Copenhague".
Minc ressaltou a importância das empresas terem inventários de emissões anuais, e não só de longo prazo. Ele lembrou que agora o País tem um Plano Nacional de Mudanças Climáticas, metas de redução e o Fundo Amazônia. Afirmou ainda que a redução de 45% do desmatamento na Amazônia, uma das principais causas das emissões brasileiras, ocorreu graças ao reforço da fiscalização e maior rigor no combate aos crimes ambientais, além dos pactos com segmentos do agronegócio - como o da soja- e com os setores madeireiro e de minério.
Roger Agnelli, presidente da Vale, afirmou que estamos em uma transição da economia de mercado para uma economia verde. Para ele, essa é uma exigência da sociedade. "Faz parte da sobrevivência das companhias essa nova postura, que deve ser estendida a todos os setores da cadeia produtiva",disse. Agnelli acredita que as empresas que não se adequarem a uma economia de baixo carbono terão a competitividade afetada.
Promovido pelo Jornal Valor Econômico e pela Globo News, o seminário "Brasil e as Mudanças Climáticas", evento em que a carta foi lançada, reuniu instituições da sociedade civil, empresas e autoridades governamentais, em preparação para a Conferência das Partes sobre o Clima (COP-15), que será realizada em dezembro.
Participaram do evento, além do ministro do Meio Ambiente, o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, a senadora Marina Silva e o ministro do Itamaraty Luiz Alberto Figueiredo. O seminário teve o apoio do Instituto Ethos, Única, Wal Mart do Brasil, Fiep, Fórum Amazônia Sustentável e Sindesta.
Confira as empresas que assinaram o acordo:
Aflopar
Andrade Gutierrez
Aracruz Celulose
Camargo Correa
CBMM
Coamo Agroindustrial Cooperativa
CPFL Energia
Estre Ambiental
Grupo Pão de Açucar
Ligth
Natura
Odebresth
OAS
Polimix
Suzano Papel e Celulose
Vale
Votorantim
VCP
Wal Mart Brasil
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