Carine Corrêa
A Campanha de Liderança Climática 2020 foi lançada ontem (4/8), em Belo Horizonte, durante a Conferência Brasil 2020 - reunião preparatória para o State of the World Forum, que será realizado em Washington (EUA) em novembro deste ano.
Durante três dias, 200 especialistas e cientistas, autoridades, entidades ambientais internacionais e nacionais, ONGs e sociedade civil vão discutir as bases de um plano que será desenvolvido para os próximos dez anos. Sua proposta deve conter as formas de enfrentar e lidar com os desafios do aquecimento global, principal tema da convenção.
O State of the World Forum pretende promover uma campanha mundial com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 80% até 2020. O Brasil foi escolhido como ponto de lançamento do projeto porque, segundo os organizadores, pode ser um símbolo de liderança nas discussões sobre mudança climática.
Participaram da solenidade de abertura o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e o secretário de estado do Ambiente, José Carlos Carvalho, dentre outras autoridades nacionais e internacionais.
Para o ministro Minc, o País pode ter o papel de promover uma ponte entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos. "O Brasil tem condições de assumir um protagonismo na questão, mas isso vai depender do que vamos conseguir fazer em relação às emissões e, principalmente, ao desmatamento".
Ele ressaltou que as nações desenvolvidas precisam ter metas "mais ousadas" para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Minc também citou o encontro que teve ontem com os ministros de Mudança Climática da Inglaterra e dos EUA.
Jim Garisson, presidente do State of the World Forum, disse que nunca houve antes uma geração tão ameaçada e desafiada por uma crise ambiental mundial como a nossa. Ele defendeu a posição do Brasil de liderança em relação ao mundo. "Um país forte e grande como o Brasil, com uma população que representa um microcosmo dos povos, pode dar o exemplo - e por isso decidimos começar esta campanha global aqui", explicou. Ele acredita que o País pode mobilizar outras nações a se engajarem nesta meta até 2020.
De acordo com Garrison, o fato central sobre o aquecimento global é que ele não poderá ser controlado apenas por tecnologia ou avanços econômicos. "Se não nos engajarmos agora, depois será tarde demais, porque as forças naturais não poderão ser contidas por nenhuma tecnologia e conhecimento humanos", alertou. O presidente do Fórum disse ainda que a redução de emissões pode ser feita com o conhecimento e metodologia já existentes, e com a participação de toda a sociedade.
Minc acrescentou que durante sua gestão o Brasil passou a ter planos de Mudanças Climáticas e de Metas de Redução, além do Fundo Amazônia. Ele anunciou ainda que em 2009 houve o menor índice de desmatamento na Amazônia dos últimos 20 anos, mas ressaltou que apesar dos avanços, "ainda falta muito a ser feito".
De acordo com o ministro, essa diminuição é resultado das ações de fiscalização e monitoramento da área. Outro fator importante foi o pacto com os setores produtivos da soja, da madeira e com os bancos públicos e privados, que podem cortar o crédito de empreendimentos não sustentáveis.
Carlos Minc também anunciou que em 2010 haverá a atualização do Plano de Mudanças Climáticas brasileiro. Nele estarão incluídas metas de redução de emissões de gases e de desmatamento não só da Amazônia, mas de todos os biomas brasileiros.
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