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Seminário discute vulnerabilidade do Nordeste às mudanças climáticas

Publicado: Segunda, 24 Novembro 2008 22:00 Última modificação: Segunda, 24 Novembro 2008 22:00
A principal conseqüência das mudanças climáticas para o Nordeste brasileiro, região de maior vulnerabilidade no país às alterações do clima, será a diminuição da disponibilidade hídrica. Segundo o climatologista Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mesmo que os modelos climáticos atuais ainda não sejam confiáveis sobre o nível de precipitações, apenas o aumento de temperatura já é suficiente para causar impacto à quantidade de água na região. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (24), na abertura do II Seminário sobre Mudanças Climáticas: Implicações para o Nordeste, que acontece até a próxima quarta-feira (26), no Centro de Treinamento Passaré, em Fortaleza, Ceará.

Promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, o seminário reúne mais de 50 especialistas em semi-árido, entre cientistas, técnicos de governo, especialistas em clima e desenvolvimento regional, para discutir medidas de mitigação e adaptação da região Nordeste às mudanças climáticas, sobretudo nas áreas sujeitas à desertificação. As recomendações desses especialistas deverão dar origem a um documento com um balanço sobre o que diz a ciência sobre mudanças climáticas no Nordeste, a vulnerabilidade e possíveis impactos e recomendações de políticas públicas para enfrentamento do problema. Esse documento será oficialmente entregue às autoridades logo após o seminário, no próprio dia 26, durante a I Conferência Regional sobre Mudanças Climáticas: Implicações para o Nordeste, que contará com a presença do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

A importância do planejamento para adaptação nesta região no país é urgente não apenas por sua vulnerabilidade climática, mas também pela vulnerabilidade econômica do Nordeste, região onde o Produto Interno Bruto (PIB) nunca ultrapassou o índice de 50% do PIB do restante do País, segundo mostrou o economista da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Gustavo Maia Gomes.

Fatores como o aumento certo da temperatura, além da probabilidade de eventos extremos, como maiores períodos de seca e veranicos, podem mais uma vez inverter a tendência, leve, porém contínua, desde o início dos anos 1990, de desenvolvimento na região. Segundo Gomes, apesar de uma diminuição dos investimentos públicos neste período, há indícios de retomada desses investimentos, principalmente através do Plano de Aceleração da Economia (PAC), que destinou à região 25% de seus recursos para grandes projetos de infra-estrutura, além de investimentos privados, ligados ao turismo, infra-estrutura e exportação.

Atividades inviabilizadas - Conforme Paulo Nobre, do Inpe, todas as regiões tropicais são muito vulneráveis às mudanças climáticas por já terem temperaturas mais altas. Qualquer aumento de temperatura nestes locais implica em maior demanda por água, o que é um grande problema para uma região já com deficiência hídrica como o Nordeste brasileiro e com problemas de desertificação. A agricultura, da maneira como é feita hoje, ficará inviabilizada. Por conta disso, é preciso pensar em outras alternativas econômicas para a região, como a produção tecnológica, por exemplo, defende.

Nobre ressaltou que o aumento de temperatura no Nordeste já é uma realidade. Como exemplo, citou uma estação de medição em Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, onde a temperatura aumentou, nos últimos 40 anos, 1º C por década. A temperatura máxima média no local passou neste período de 30º C para 34º C. Dá para imaginar o impacto disso na biodiversidade ou mesmo na agricultura, disse.

Entre os impactos previstos para o Nordeste estão ainda o aumento da erosão, a redução da recarga da água superficial, o aumento no número de dias secos, de ondas de calor e noites quentes. Mas precisamos aumentar nossa competência para estudar e entender esses fenômenos, para termos bases de dados confiáveis para nos planejar, disse.

As pesquisas necessárias deverão estar entre as recomendações do seminário, que conta com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil, Embaixada do Reino Unido, Fundação Esquel Brasil, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e Centro de Gestão de Estudos Estratégicos.


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