Lucia Leão
A secretária de Biodiversidade e Floresta, Maria Cecilia Wey de Brito, e técnicos do Departamento de Áreas Protegidas e do Núcleo do Bioma Caatinga reúnem-se nesta quarta-feira (11) com a promotora Luciana Koury, do Ministério Público Estadual da Bahia, para dar continuidade ao processo de consulta pública sobre Monumento Natural do Cânion do Rio São Francisco, previsto para ser criado até o fim deste ano. Com área proposta de 30,5 mil hectares localizados na divisa dos estados da Bahia, Alagoas e Sergipe, a unidade de conservação protegerá a formação de cânions de mais de cem metros de altura e a região lagunar da Usina Hidrelétrica de Xingó, além de uma significativa área de Caatinga ainda não alterada pela ação humana.
Um dos principais biomas do país e único no mundo, a Caatinga guarda muitas espécies vegetais e animais endêmicos e inúmeros sítios arqueológicos. Toda essa biodiversidade, no entanto, está altamente ameaçada pela ocupação humana, que já modificou 80% do bioma que também está pouco representado no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). Apenas 4% das terras protegidas por unidades federais estão na Caatinga.
A área proposta para o Monumento Natural do Cânion do Rio São Francisco está no cristalino, formação rochosa de mais de um bilhão de anos, com clima semi-árido e sujeito ao processo de desertificação. Além da vegetação típica da caatinga a unidade protegerá áreas de arenito, que possuem flora própria e espécies endêmicas. Entre a fauna nativa destacam-se a Arara Maracanã, ameaçada de extinção, e uma espécie recentemente relatada de lagarto do gênero Mabuia.
O monumento que protegerá as margens do Velho Chico será a primeira unidade de conservação desse tipo sob administração federal. Ele não exigirá a desapropriação das terras nem impedirá o turismo de embarcação e ecoturismo que já são realizados na região. Pelo contrário, submetidas aos critérios de sustentabilidade e ao controle social, as atividades serão fortalecidas com a criação da unidade.
O MMA também ultima os estudos para a criação do Parque Nacional do Boqueirão da Onça, nos municípios baianos de Sobradinho e Santo Sé, também no bioma Caatinga. As audiências públicas, que estavam previstas para os meses de julho e agosto, foram adiadas para novembro em função do período eleitoral.
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