O Ministério do Meio Ambiente está trabalhando para incorporar entre seus gestores e técnicos o moderno conceito de "gestão do conhecimento". Por meio do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7), o MMA planeja inaugurar um portal e uma biblioteca digital sobre o tema. O desejo é de que as duas ferramentas operem como aliados dos servidores, buscando dinamizar e racionalizar sua atuação e suas decisões. "A gestão adequada do conhecimento acumulado permite acabar com o 'achismo', criando um ambiente seguro para a tomada de posições - posições estas ancoradas em fatos, na experiência, em resultados concretos", diz o consultor Benedito Domingues do Amaral. Segundo ele, as ferramentas, se bem aproveitadas, assegurarão ao poder público economia de tempo e dinheiro. E dará rapidez à implementação de políticas públicas.
Plataforma virtual em tecnologia de informação (TI), o portal abrigará um grande volume de informações de sites corporativos privados e públicos consideradas úteis ao fortalecimento da gestão do conhecimento no âmbito do PPG-7 e do MMA. Os benefícios serão positivos, inclusive à transição do Programa Piloto, que, após doze anos de existência, será substituído pelo Programa Amazônia, cujo surgimento, segundo a coordenadora do PPG-7, Nazaré Lima Soares, "permitirá dar escala aos projetos e subprogramas desenvolvidos até aqui pelo PPG-7, em novo arranjo institucional".
O portal terá outra função importante: criar as condições práticas para formar a Rede Estratégica de Gestão do Conhecimento Amazônico (REGCA), diz Benedito. De acordo com Benedito, a REGCA possibilitará maior fluxo de informações já prospectadas, inclusive em relação à estrutura do futuro Programa Amazônia. O portal propiciará ainda a interação com o Sistema de Bases de Dados Compartilhadas da Amazônia (BCDAM), administrado pelo PPG-7. "Neste espaço, além de encontrar informações e ferramentas importantes à gestão, os participantes poderão buscar articulações com outros segmentos dos setores público e privado. Nesse sentido, aliás, o setor privado terá muito a contribuir, já que nos últimos 15 anos acumulou muita informação e aprendeu a lidar com as tecnologias na área", diz Benedito.
Neste momento, diz o consultor, o PPG-7/MMA está debatendo a questão com a Coordenação Geral de Tecnologia da Informação (CGTI/MMA), com a Rede Ipê, a Diretoria de Educação Ambiental do MMA, e buscando informações sobre o funcionamento das redes de alta performance, da internet 2, dentre outras.
Biblioteca - O Programa Piloto estima que a Biblioteca Digital ficará pronta nos próximos 20 dias e deverá ser incorporada ao portal. Ela conterá artigos de profissionais da área de Gestão do Conhecimento que possam ser utilizados como base para futuros estudos e para o aprofundamento do debate de questões pelos quadros técnicos estratégicos e operacionais dos projetos e subprograma do PPG-7. Além da gestão do conhecimento propriamente dita, os textos abordarão temas como Planejamento estratégico, Padronização de procedimentos, Capital humano intelectual, Ambiente de inovação e Aprendizagem contínua. Os textos serão coletados de fontes qualificadas da internet e do portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O material terá "arquitetura" amigável, fácil de pesquisar, e será condensado em arquivo eletrônico, para que possa ser distribuído pelo correio eletrônico ou gravado em CD. "O conceito de gestão do conhecimento, muito forte na iniciativa privada, precisa ser incorporado pelo poder público, que tem na informação de qualidade ferramenta essencial ao seu bom desempenho", diz o consultor Benedito.
Alguns textos já selecionados pertencem a autores de renome no setor. Segundo Benedito, contribuirão para a biblioteca pessoas como Vicente Falcone, do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), Cláudio José Terra, da ONG Terraforum, ambos com grande experiência na gestão de conhecimento na iniciativa privada e com ações na área desenvolvidas junto ao Ministério do Desenvolvimento Social. Colaborarão também Antônio Raimundo Santos, especialista da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, e Espartaco Madureira Coelho, do Ministério da Educação. "Tradicionalmente, processos de mudança no ambiente público são mais lentos e enfrentam resistências. Mas há ilhas de excelência na área, mesmo na administração do Estado. É o caso do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que está investindo nessa linha", diz Benedito. Trata-se de uma questão, dentre tantas outras, que poderá ser pesquisada na biblioteca.
"Na prática, a chamada Gestão do Conhecimento, um conceito que surgiu junto com a evolução das tecnologias de informação, resume-se à adoção de um conjunto de procedimentos por parte de uma organização buscando criar estímulos para a disseminação e a utilização do conhecimento com vistas a cumprir sua missão, melhorar o processo produtivo ou, até, vender conhecimento a terceiros", diz Benedito. "Se no passado era difícil a uma organização armazenar informação, atualmente há capacidade de executar todos os processos, monitorar, coletar dados. Hoje há bancos de dados fantásticos e, muitas vezes, as organizações públicas e privadas não sabem o que fazer com eles, como extrair benefícios da informação acumulada", finaliza o consultor.
Redes Sociais