Rafael Imolene
O Programa Água Doce (PAD) terá uma nova etapa a partir desta quarta-feira (9), quando será realizada uma reunião do Núcleo Estadual do programa na Paraíba. Nela os participantes deverão decidir a estruturação e o andamento do PAD no estado, um dos 11 que serão beneficiados com o fornecimento de água potável a populações de comunidades difusas que habitam o semi-árido brasileiro.
A reunião está marcada para as 16h30, na Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa/PB), em João Pessoa. A pauta inclui uma apresentação do PAD e do coordenador Estadual do Núcleo, Isnaldo Cândido da Costa, bem como ações previstas para os próximos meses. Além de Isnaldo, participam da reunião Renato Ferreira e Francis Priscilla, ambos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, os coordenadores temáticos do PAD Luiz Carlos Hermes da da Embrapa Meio Ambiente de São Paulo(Sustentabilidade), Luís Henrique Cunha da Universidade Federal de Campina Grande (Mobilização para a Gestão), Everaldo Rocha Porto da Embrapa Semi-Árido de Petrolina (Sistemas Produtivos) e Kepler França da Universidade Federal de Campina Grande (Componente de Sistema de Dessalinização).
O Programa Água Doce é desenvolvido pelo governo federal com participação do MMA e de outros ministérios. Uma das formas de fornecer água potável às populações se dará aproveitando a água subterrânea do semi-árido, conhecida por sua alta salinidade. Para retirar o sal da água, inicialmente serão instaladas 22 Unidades Demonstrativas em 11 estados, em parceria com a Fundação Banco do Brasil, o BNDES, Petrobras e o Programa de Revitalização do São Francisco, por intermédio da Codevasf.
Elas são chamadas demonstrativas porque o objetivo é tornar essas 22 o começo de uma realidade que se disseminará por todo o sertão, garantindo o consumo de água potável a centenas de milhares de pessoas nos próximos anos. Além de assegurar a saúde da população com água própria para consumo humano, os complexos ajudam a fomentar renda. Após separar a água potável, o restante, com alto teor de sal, é despejado em tanques para criação de tilápias rosas, peixe que se desenvolve em meios salobres.
O passo seguinte consiste em aproveitar o efluente dessa criação, enriquecido em matéria orgânica, para irrigar a erva-sal (Atriplex nummularia), por sua vez utilizada na produção de feno. Também enriquecido de nutrientes da erva-sal, o feno servirá para alimentar ovinos e caprinos, principalmente durante o período de estiagem. Assim, fecha-se o complexo sustentável. A parceria com o Banco do Brasil e o BNDES prevê não somente a instalação das unidades, mas também sua manutenção.
A primeira unidade foi inaugurada no dia 30 de março, em Caatinga Grande, vilarejo do município de São José do Seridó, no Rio Grande do Norte. Três dias após o lançamento, a comunidade já havia obtido sua primeira renda com a venda das tilápias rosas criadas em seus tanques. A comercialização de 718 quilos do peixe garantiu ao vilarejo a quantia de R$ 2.462, dos quais 50% foram aplicados no fundo de reserva para manter a criação. O processo foi possível porque um dos tanques já estava abastecido com as tilápias desde outubro de 2006. Como o ciclo da espécie é de seis meses, o peixe já havia atingido seu tamanho para consumo, de aproximadamente 600 gramas. Outro tanque foi povoado em janeiro e deverá estar pronto para a pesca em julho.
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