Em meio às conseqüências do aquecimento global, o manejo e o desenvolvimento sustentável da Caatinga dependem de amplo conhecimento sobre a extensão do bioma e de planejamentos e programas que interliguem as ações do governo e da sociedade civil.
Quatro especialistas debateram nesta terça-feira (23) essas e outras questões durante a abertura o primeiro painel de seminários da Semana da Caatinga, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente entre 23 e 27 de abril, em Brasília.
Com o título Conservação de Manejo Florestal do Bioma Caatinga, o seminário prevê a realização de mais dois painéis, no auditório do edifício sede do Instituto Brasileiros de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Nesta terça-feira, foram discutidos os impactos das questões climáticas, o mapeamento via satélite da Caatinga, o programa de revitalização do Rio São Francisco e o contexto socioambiental do bioma.
Meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), José Marengo iniciou o seminário com uma apresentação detalhada sobre as projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para a Caatinga para os próximos 100 anos.
Marengo explicou as conseqüências do aquecimento em três cenários: pessimista, médio e otimista. Segundo ele, em todos haverá mudanças, que dependerão não só do aumento das temperaturas mas também da quantidade de chuvas. "Num cenário pessimista, a temperatura poderia aumentar até quatro graus e reduzir em 15% a quantidade de chuvas", disse.
O meteorologista explicou que poderá haver redistribuição de áreas com ocorrência de caatinga. Além disso, não está descartada a possibilidade de o bioma adquirir características semi-desérticas. "Isso ocorreria num cenário pessimista. E teria impacto direto na população", afirmou Marengo.
Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (BA), o geólogo Ardemirio Barros e Silva discorreu sobre o seu trabalho de mapeamento da vegetação nativa do bioma caatinga. Ele explicou a metodologia utilizada que contou com imagens via satélite das áreas de caatinga. De acordo com Barros, 47 profissionais trabalharam na formatação do material.
Segundo ele, o sistema de classificação permite comparação entre os biomas. Observamos que núcleos remanescentes da Caatinga, como por exemplo no Piauí, necessitam de proteção", disse.
Depois do professor Ardemirio, o biólogo Maurício Aroucha, da organização não-governamental Agendha, fez uma exposição sobre as questões socioambientais da Caatinga. Ele elogiou as ações do atual governo, mas pediu a continuidade dos trabalhos. "Nos últimos quatro anos, houve a maior dedicação de todos os tempos, mas ainda não é o suficiente", afirmou.
O coordenador do Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco, Maurício Laxe, do MMA, foi o último a debater. Ele discorreu sobre as ações e as áreas de atuação do programa. Explicou os fóruns existentes e defendeu maior integração entre as diferentes áreas do governos federal e estaduais. "Esse é nosso maior desafio", disse.
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